Através da experiência que temos enquanto Brasil, identificamos na Bookwire que os resultados de uma editora que topa a ideia de desmembrar suas obras em mini-livros é um espetáculo à parte.
O nosso maior exemplo disso foi quando a Boitempo se valeu do livro Mulheres, raça e classe (Angela Davis, 2016) e seccionou três ensaios que o compõe. Kim Doria gentilmente comentou sobre essa ação originalmente como colunista convidado em 24/05/2018 neste link.
Não houve custo de alteração de capa – os três seguiram a base original, com troca do título – nem robusto trabalho de editoração, apenas a custos de aquisição novos ISBNs e a expectativa de que daria certo. E deu.
Os mini-livros foram lançados no dia 24/01/2018, junto com outros eventos em torno da autora, pois dia 26/01 é aniversário dela. O resultado: primeiro lugar e Top 10 em diversas categorias até hoje perenemente.
Título | DLP |
Educação e libertação: a perspectiva das mulheres negras | R$ 2,00 |
Estupro, racismo e o mito do estuprador negro | R$ 5,00 |
Racismo no movimento sufragista | R$ 3,50 |
A escolha de preços diferentes se dá por conta dos volumes diferentes de página entre títulos. Apesar do mais barato ter sido o mais vendido e, à primeira vista, isso pode parecer o determinante do resultado, cremos que se trata mais de uma questão de valor da temática do que preço final. O nosso palpite é de que poderíamos até ter colocado todos a R$3,50 e os números unitários seriam bem parecidos, mas com uma receita maior.
O montante total em receita, considerando o valor de cada livro, não é tão significativo. Em contrapartida, o custo de produção também é baixíssimo pelos novos ISBNs já ditos, comissões e direitos autorais precisam ser pagos.
Era necessário vender apenas 20 mini e-books para que a conta se fechasse de acordo com os cálculos de pré-produção. E mais importante do que isso: não por surpresa, os resultados da obra completa Mulheres, raça e classe foram afetadas de forma variante entre o nulo e o positivo, de maneira que alcançou até alguns recordes de vendas, tanto em março do primeiro período, quanto na vinda da autora para o Brasil no último trimestre de 2019.
Não é algo que precisa ser feito para todos os livros, claro, mas pode ser pensado com estratégia e cuidado para situações específicas e como uma ferramenta de marketing, mas também como mais uma maneira de impulsionar as vendas de determinado título.
Almejamos que essas informações os ajudem a avaliar a possibilidade de criarmos e repensarmos conteúdos similares em formato digital. Contem com a equipe Bookwire para tal tarefa!