Estamos em abril de 2022. Com o efeito do tempo e da vacina começamos, enfim, a nos libertar efetivamente das restrições impostas pela pandemia de COVID-19.
Essa ressalva, hoje tão comum, de reconhecer a pandemia antes de abordar um assunto já virou clichê, mas um de grande importância: entre março de 2020 e abril de 2022 coisas consideráveis aconteceram para mercado editorial.
No início da pandemia, as livrarias precisaram encontrar soluções rápidas para os vários meses de isolamento social que viriam, e nesse período os ativos digitais (ebooks e audiobooks) foram uma ferramenta valiosa no planejamento estratégico de muitas editoras. Desde o primeiro momento muitas pessoas recorreram ao que tinham em mãos – seus celulares e dispositivos móveis – em busca de conhecimento, entretenimento ou desenvolvimento (pessoal, espiritual ou financeiro) que pudesse ser acessado de casa, instantaneamente. As editoras que já trabalhavam com esse formato tiveram uma oportunidade interessante, ainda que forçada, a de intensificar a disponibilidade imediata de seus títulos a partir das versões digitais de seus catálogos.
Também os podcasts, outra poderosa ferramenta de veiculação, já vinham em uma crescente de oferta e demanda e são hoje um formato consolidado na grade dos maiores jornais, revistas, portais de notícias, instituições e empresas. E nenhum desses inclui o volume imenso de produções independentes de altíssimo nível de alcance, sobre os mais variados assuntos, angariando contratos polpudos de patrocínio e movimentando o debate público. Quem, por exemplo, não ouviu falar do Monark nem do Flow Podcast? Ou da extinta Terça Livre, do Medo e delírio em Brasília ou do Foro de Teresina?
Olhando para as plataformas de streaming notamos que Spotify e similares, inicialmente restritos ao mercado musical, hoje investem fortunas em aquisição, licenciamento e criação de conteúdo falado, entre audiobooks e podcasts. Diferente da música, os podcasts e audiolivros abrem caminho para o licenciamento de conteúdo original e contratos de exclusividade. O contrato de exclusividade feito com o apresentador Joe Rogan foi notícia em todos os cantos, pela postura controversa do podcaster e o preço exorbitante do acordo: ao menos 200 milhões de dólares por 3 anos e meio de exclusividade sobre os episódios anteriores.
Até pela perspectiva dos consumidores o investimento em tecnologias de voz é evidente: controles de televisão, celulares, smart speakers e até eletrodomésticos estão sendo paulatinamente desenvolvidos para ouvir (e falar, em muitos casos). Mesmo a arena política, que não costuma ser um espaço de vanguarda, tem sido palco frequente de escândalos que surgem de conversas de áudio vazadas e compartilhadas à exaustão, abrangendo um espectro político que vai de Bessias a Pastor Gilmar.
O crescimento do “conteúdo falado” reflete a velocidade do nosso tempo, o caráter inclusivo e de massa das novidades tecnológicas e a supremacia do smartphone como dispositivo de consumo. É também uma linguagem de entrada para as gerações mais novas, que consomem e compartilham conteúdos desde sempre, pessoas criadas e aculturadas em um modelo de aprendizagem audiovisual. É um formato mais imediato, inclusivo e apto a acompanhar a transformação constante dos hábitos de consumo.
Há dois anos, analistas de mercado apresentaram pela primeira vez a ideia de resseção de atenção, um estado de saturação do mercado consumidor provocado pelo desequilíbrio entre o volume enorme de opções de entretenimento e o esgotamento do tempo disponível para consumo de novos conteúdos. Esse panorama, que se anunciava já em 2019, foi atrasado (e amplificado) com o início da pandemia, que abriu mais espaço para livros, jogos, filmes e entretenimento em geral. Agora, com o fim das restrições sanitárias, o momento demanda estratégias de mercado para manter o interesse dos consumidores em um ambiente extremamente competitivo.
Trata-se, portanto, de um público necessariamente mais seletivo em comparação aos dois anos anteriores, com menos tempo e poder de compra reduzido, mas como isso se traduz no contexto editorial brasileiro?
Nosso mercado segue um caminho similar ao dos mercados europeu e norte-americano, ainda que em estágio anterior de desenvolvimento. Limitações financeiras e entraves na adoção dos modelos de assinatura desaceleram a adoção integral do formato pelo mercado do livro, mas grande parte das editoras já conta com obras de áudio para equilibrar sua composição de catálogo, abrindo caminho para o desenvolvimento do mercado, incluindo estúdios, narradores profissionais, produtores especializados em conteúdo editorial, além dos consumidores. O áudio apresenta uma saída viável para formar novos ouvintes, fidelizar clientes, ampliar geração de receita, explorar as possibilidades dos formatos simultâneos e ainda de acessibilidade de conteúdo.
É por esses motivos que a palavra falada assume papel preponderante no panorama pós-pandemia e que nós na Bookwire oferecemos soluções específicas para áudio, avaliando caso-a-caso e oferecendo curadoria, gestão de projetos, análise de dados e monitoramento de resultados para montar uma estratégia com o perfil do seu negócio. Conheça nossa oferta entrando em contato pelo endereço way@bookwire.com.br.