Por Renata Sturm
Penso que o audiolivro pode se tornar uma nova forma de adquirir conhecimento. Até mesmo para pessoas com pouco tempo, com alguma dificuldade de leitura, alguma deficiência…
Lembro da primeira vez que acompanhei a gravação de um audiolivro em 2020. Autor best-seller, com mais de 500 mil livros vendidos, Thiago Nigro (também conhecido como Primo Rico) estava superempolgado com a gravação do seu livro.
Thiago tem uma voz marcante e excelente dicção, parecia que tinha nascido para aquilo. Mas foi uma jornada. Mesmo cometendo pouquíssimos erros ao longo da gravação, o autor se dedicou por 3 dias e muitas horas de trabalho. O resultado? Incrível. Afinal, ter a voz do próprio autor no produto é um excelente atrativo.
O que eu aprendi com essa experiência, no entanto, era que o maior desafio ainda estava por vir. Audiolivro gravado, agora chegou a hora de divulgar o produto. Mesmo engajado com tecnologia, o autor sentia dificuldade em comunicar o livro. Por quê? Porque ainda não existia uma cultura de consumir livro em áudio. Simples assim.
As dúvidas de Thiago eram as mesmas dos seus leitores. “Mas onde compra? Quanto custa? Como eu escuto? Preciso baixar algum aplicativo?” Era necessário ensinar o caminho do audiolivro, apresentar novas plataformas de compra. Enfim, criar até um novo tipo de cliente.
Dois anos depois, volto ao estúdio com outro autor, também influenciador com milhões de seguidores, mas, diferente de Thiago, um consumidor de audiolivro em inglês e português. Breno Perrucho chegou com a mesma empolgação do amigo e sócio. Gravou seu livro com sua voz marcante e até criou um bônus, gravando um conteúdo extra para seus ouvintes.
Mas, dois anos depois, sinto que o desafio permanece. É necessário criar uma cultura de usufruir um livro por meio do som. E criar novos hábitos não é algo fácil.
Por isso, toda a primeira fase da nossa campanha aqui na Maquinaria Editorial não foi de venda do audiolivro do autor Breno Perrucho, mas mostrar para o nosso leitor que existe uma forma nova e prazerosa de consumir livros compatível com hábitos do cotidiano: cozinhando, pegando a estrada, tomando banho, no transporte a caminho do trabalho…
Penso que o audiolivro pode se tornar uma nova forma de adquirir conhecimento. Até mesmo para pessoas com pouco tempo, com alguma dificuldade de leitura, alguma deficiência… Cabe a cada um de nós, como editoras e editores, colaborar com essa nova cultura e assim criar novos leitores e ouvintes de livro.
Renata Sturm, publisher e sócia da Maquinaria Sankto Editorial