Uma espiada no mundo: o crescimento e relevância global dos Audiolivros

Após vários anos de faturamento crescente (acima da marca dos dois dígitos), o mercado dos audiolivros testemunhou nos últimos 12 meses não só um grande aumento de seu catálogo, mas também a chegada de importantes lojas em novos territórios e gigantes do streaming de música e podcast sinalizando investimento e atenção ao formato.

Audiobooks são um hoje um setor com receita de 5 bilhões de dólares em todo o mundo. De acordo com a Audio Publishers Association (APA), o mercado dos Estados Unidos cresce 25% ao ano e alcançou 1,81 bilhão de dólares em vendas em 2022. A disponibilidade cada vez maior de títulos é o maior impulsionador do aumento. No mesmo ano, 9% de todas as vendas de livros nos Estados Unidos vieram de audiolivros. O gênero “ficção” representa mais de 65% de todas essas vendas, mas os não-ficção estão crescendo a uma taxa anual de 27,5%. A receita de audiolivros ultrapassou a receita de e-books pela primeira vez em 2019, e a diferença tem aumentado desde então. Mais de 74.000 audiolivros foram publicados nos Estados Unidos no ano passado.

Em outras partes do hemisfério norte, o crescimento e o otimismo em relação ao formato são parecidos. A China é o maior mercado fora dos EUA, seguida pela Europa. Os países nórdicos são especialmente populares quando o assunto é história narrada.

Para os curiosos, algumas informações interessantes:

  • 14% dos suecos ouvem audiobooks diariamente e, no gênero ficção, em 2022 o áudio ultrapassou a receita do impresso.
  • Mais de 569 milhões de cidadãos chineses ouviram um audiolivro em 2020, mais que o dobro de 2016.
  • O mercado europeu de audiolivros vale mais de US$ 850 milhões e espera-se que cresça 18,6% a cada ano até 2025.
  • A Alemanha representa mais de 32% do mercado europeu de audiolivros.
  • As projeções chegam a apontar que o mercado de audiolivros valerá US$ 35 bilhões em 2030.
  • Isso significa que o mercado de audiolivros crescerá 26,4% a cada ano nos próximos 7 anos.
  • A receita de audiolivros representou cerca de 3,8% da receita de publicação de livros em 2022 e espera-se que suba para 4,73% em 2023.
  • Pessoas mais jovens têm mais probabilidade de consumir o formato de áudio. Ao menos, é o que acontece nos Estados Unidos: 57% dos americanos com menos de 50 anos ouviram audiolivros em 2021.

Modelos de negócios: os impulsionadores são a diversidade e flexibilidade

Um dos acontecimentos importantes do último ano foi a introdução das vendas unitárias de audiolivros no Spotify. Essa medida demonstra o olhar da principal plataforma de streaming da indústria fonográfica para o formato, colocando-o como o terceiro pilar de sua oferta de áudio, ao lado de música e podcasts. É um fato de grande relevância, uma vez que o Spotify alcança um publico diverso, jovem, que rompe a bolha literária. Vale lembrar também que o Brasil tem uma das maiores bases de usuários premium da plataforma no mundo. A venda unitária de audiolivros está atualmente disponível apenas nos países de lingua inglesa, mas o Spotify anunciou que esse e outros modelos de negócio em breve estarão disponíveis em outros territórios.

Em janeiro de 2023, foi divulgada a inclusão dos audiolivros da Penguin Random House na Audible da Espanha. Essa mudança permitirá uma ampla disseminação de seu extenso catálogo e apresenta ao usuário um modelo de acesso ilimitado coexiste com um modelo de venda unitária. Será interessante observar a evolução da convivência dessas duas possibilidades e como elas serão recebidas pelo público leitor e pelas demais lojas.

Formatos e gêneros: da ficção ao desenho sonoro

Os formatos e conteúdos disponíveis estão se tornando mais especializados e sofisticados. Essa é uma tendência global, já bem estabelecida em mercados de áudio mais maduros, como Estados Unidos, países nórdicos e Alemanha, e que está começando a ganhar força em outras partes do mundo.

Cada vez mais, plataformas, editoras e entidades fora do mundo dos livros estão disponibilizando conteúdo de áudio que não provém de uma publicação tradicional e que segue um formato mais próximo do entretenimento audiovisual. São conteúdos mais curtos, que geralmente têm mais de uma voz narrativa e incluem música e efeitos sonoros, para proporcionar uma experiência de entretenimento imersiva. Mais recentemente, a indústria tem reagido à demanda do usuário produzindo e otimizando conteúdo de áudio para crianças, o que em muitos casos se tornou um grande aliado para os pais ao ajudar a expandir a imaginação e reduzir o tempo de tela dos pequenos.

O caso da série “Cry Babies” é um exemplo. Embora a marca tenha começado como um brinquedo da empresa espanhola IMC Toys, ela logo migrou para a tela e para o entretenimento com uma série animada que foi lançada no YouTube e posteriormente transmitida em todo o mundo pela Netflix. No final de 2022, a IMC Toys deu início à produção e lançamento de 91 episódios da série Cry Babies em versão de áudio, em sete idiomas distribuídos globalmente através da Bookwire, incluindo português brasileiro.

Esse movimento reforça o fato de que o segmento infantil está emergindo como uma das grandes oportunidades no mercado de áudio. Com esse contexto em mente, várias alternativas de produto para crianças estão surgindo no mercado global, que fornecem o conteúdo de áudio e um dispositivo que elas podem operar sozinhas, em um ambiente seguro. Tonies, Yoto, Lunii, Merlin e Kekz são alguns exemplos; caixas de alto-falante e fones de ouvido sem fio que oferecem uma seleção curada e segura de conteúdo infantil. Essas marcas estão ganhando espaço na França, Alemanha e Estados Unidos.

Tecnologia

Nos dois últimos anos, muito tem sem falado sobre o surgimento da tecnologia de Text-to-Speech (TTS) como uma alternativa às vozes de narradores humanos e como uma ferramenta necessária para expandir a produção de audiolivros em larga escala a um custo mais baixo, especialmente pensando em backlist. Ela ganha importância considerando títulos cujo custo talvez fosse um impeditivo para serem produzidos com vozes humanas. Em 2023, a Bookwire começou a oferecer aos seus clientes a oportunidade de testar a tecnologia e lançar suas produções de audiolivros usando o TTS.

Considerações finais

Acreditamos no formato do audiolivro como uma maneira de romper o teto do consumo literário tradicional, democratizar a leitura e o acesso à informação. O áudio pode ser combustível, alcance e receita, fortalecendo editoras e ampliando investimento no setor. Se quiser saber mais sobre tendências desse formato no Brasil, o caminho para converter seu catálogo para áudio ou só para bater um papo sobre seu audiolivro preferido, entra em contato com a gente no audio@bookwire.com.br.

Até a próxima!

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