Mercado de áudio: novidades no Brasil e no mundo em outubro

O mercado de audiolivros foi marcado por novidades tanto no Brasil quanto no mundo no mês de outubro. Duas importantes lojas, Audible e Spotify, ampliaram seus territórios e modelo de negócios. Além disso, uma trend de redes sociais colocou o audiolivro ‘A morte de Ivan Ilitch’ (Editora Hedra), de Liev Tolstói, em alta nas plataformas de streaming.

No Brasil, a Audible, subsidiária da Amazon, aterrissou com uma vasta biblioteca de audiolivros e podcasts. Os assinantes, por R$19,90 mensais, têm acesso a mais de 100 mil audiolivros, incluindo 4.000 em português. Se os usuários quiserem acessar o restante do catálogo, têm desconto de 30% no preço de capa de cada obra. Os podcasts estão disponíveis gratuitamente. Segundo dados da Kantar (em pesquisa encomendada pela Audible), 90% dos brasileiros já consumiram de conteúdo de áudio (podcasts ou audiolivros) ao menos uma vez, destacando a relevância da palavra falada no país e o motivo do interesse da gigante do varejo global nos usuários daqui.

Já no Spotify, conhecida plataforma de streaming de música e podcast, os proprietários de contas Premium no Reino Unido e Austrália passaram a acessar mais de 150.000 audiolivros como parte de sua assinatura, em vez de pagar o preço de varejo por livro. No entanto, há um limite de 15 horas em relação ao tempo de escuta mensal permitido. O movimento marca a saída oficial de Nir Zicherman do cargo de diretor global de Audiolivros do Spotify. Zicherman afirmou que a disponibilização de conteúdos literários para assinantes Premium sem custos adicionais (seu último ato como diretor de audiolivros da empresa) busca reduzir algumas barreiras existentes no mercado de livros narrados, como o acesso, o custo e a descoberta de novos títulos.

Em contrapartida, a ‘Society of Authors’ do Reino Unido (SoA) demonstrou preocupação com a rentabilização dos direitos autorais nas plataformas de streaming, em artigo publicado pelo ‘The Guardian’. O receio é de que ocorra queda de receita similar a dos músicos e compositores, elo mais fraco da indústria fonográfica quando o assunto é rentabilização na era dos Streamings. O assunto é complexo. Nesse pêndulo que transita entre o formato de consumo preferido dos usuários e um modelo de negócio sustentável para editoras e autores, lojas internacionais como a Bookbeat, por exemplo, adotaram diferentes planos mensais de assinatura, que variam de acordo com o tempo de escuta do assinante. Dessa forma, cria-se um equilíbrio maior entre os perfis de consumo de cada usuário e o valor repassado às editoras e autores.

Com a experiência de centenas de obras produzidas pelo nosso programa WAY, que inclui não só a gravação de audiolivros, mas direcionamento do produto para as lojas certas, consultoria de marketing e análise de dados, observamos que pode ser interessante disponibilizar estrategicamente obras do seu catálogo em plataformas como o Spotify, Deezer e Youtube Music, mesmo enquanto estas lojas ainda não apresentam diretrizes ou modelos de negócio específicos para audiolivros em terras brasileiras.

Um caso interessante que ilustra essa importância foi o salto de reproduções do audiolivro ‘A morte de Ivan Ilitch’, da editora Hedra, no Spotify. O motivo? A separação de Sandy e Lucas Lima, que recomendou a obra de Liev Tolstói pouco tempo após o término, afirmando se tratar de ‘um texto sobre escolhas na vida e o porquê dessas’. Foi o suficiente para despertar a curiosidade de milhares de seguidores do músico. Segundo Jorge Sallum, diretor da Hedra, o pico de reproduções do audiolivro, lançado há dois meses, foi “brutal”, representando aumento de quase 3.000%. Segundo Sallum, a obra era ouvida por pessoas na faixa dos 35 ou mais. Depois do post, estourou na faixa dos 15 aos 34 anos. Além disso, o tempo de escuta também aumentou. Vale ressaltar que essas e outras informações detalhadas de consumo estão disponíveis na aba de vendas diárias do OS, plataforma de distribuição 360 da Bookwire.

O exemplo da Hedra, indica a importância de estar atento às tendências das redes. Por que não disponibilizar por tempo limitado uma obra que voltou a ser pauta pública nas redes sociais? Por que não colocar nas plataformas o primeiro volume de uma trilogia? Dessa maneira, o alcance da obra e o próprio formato ganham notoriedade. Quantas dessas pessoas que chegaram até Tolstói pelo divórcio de duas figuras públicas leram um livro esse ano? Quantas conhecem o formato de audiolivro? Quantas foram buscar outros títulos do autor depois?

Não temos pretensões de apresentar as respostas para essas perguntas, mas seguimos fiéis ao objetivo de romper o teto do consumo literário no Brasil, fortalecendo as editoras, obras, autores e demais agentes do ecossistema literário. Quer falar sobre modelos de negócios? Ajuda para começar a produzir seus audiolivros? Só bater um papo sobre estratégias de marketing nas redes sociais e plataformas de streaming? Ficaremos felizes de respondê-lo no audio@bookwire.com.br.

Um abraço e até a próxima!

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