Nos nossos artigos, abordamos com frequência algumas diretrizes específicas na produção de audiolivros; discutimos desde aspectos técnicos até escolhas artísticas que transformam um texto escrito em uma experiência sonora marcante. Hoje, porém, queremos voltar às origens do formato. Afinal, a oralidade é a mais ancestral maneira de contar histórias. Emulando o eterno retorno, essa prática ressurge nos últimos anos como uma das grandes ferramentas de democratização do acesso à literatura, trazendo o texto para o ouvido das pessoas, seja enquanto passeiam, trabalham ou descansam. A presença massiva e constante dos smartphones na vida das brasileiras e brasileiros é uma pauta que apresenta ambiguidades e contradições. Destacamos aqui um aspecto alentador diante da realidade dos fatos: o consumo literário pode se tornar mais acessível e popular através dos 200 milhões de dispositivos existentes no país, especialmente através dos audiolivros.
Uma breve história dos audiolivros
O conceito de audiolivros não é novo. No início, ele surgiu como uma forma de tornar a literatura acessível a pessoas com deficiência visual. Os primeiros registros de audiolivros remontam à década de 1930, quando foram gravados em discos de vinil. Esses vinis eram volumosos, muitas vezes exigindo várias unidades para um único livro. Obras clássicas como Moby Dick e A Odisséia estavam entre as primeiras a serem lançadas nesse formato.
Nos anos 1990, no Brasil, a prática ganhou força com as gravações da Bíblia narrada por Sid Moreira, o primeiro de poucos momentos que o formato rompe a bolha do mainstream no país.
No cenário internacional, os audiolivros ganharam impulso nos Estados Unidos e na Europa durante os anos 2000, com os MP3 players e, mais recentemente, os smartphones. Plataformas como Audible, Storytel e outras tornaram o acesso ainda mais fácil, popularizando o formato entre leitores e ouvintes, através de modelos de crédito ou de acesso ilimitado a um catálogo de livros narrados. Agora, esse fenômeno também começa a ganhar força no Brasil, com um catálogo crescente de obras nacionais e internacionais.
10 motivos para ouvir audiolivros
- Praticidade: Permitem consumir conteúdo enquanto realizamos atividades como dirigir, caminhar ou limpar a casa.
- Acessibilidade: Ideais para pessoas com dificuldades de leitura visual ou transtornos de aprendizagem.
- Conexão emocional: A interpretação do narrador ou narradora dá vida às palavras, adicionando emoção e nuances ao texto.
- Aprendizado contínuo: Possibilitam a exploração de temas complexos ou novas ideias sem precisar de tempo exclusivo para leitura.
- Incentivo à leitura: São uma porta de entrada para quem tem dificuldade de criar o hábito de ler.
- Multitarefa: Facilitam a absorção de conhecimento em momentos em que ler um livro físico seria inviável.
- Estímulo à criatividade: As narrativas orais ativam a imaginação de forma semelhante à leitura tradicional.
- Variedade de estilos: Há opções que vão de romances clássicos a obras de desenvolvimento pessoal e negócios.
- Melhora da escuta ativa: Desenvolvem a habilidade de prestar atenção e compreender conteúdos orais.
- Personalização: A escolha da voz e da entonação podem tornar a experiência mais imersiva, através da narração do autor ou de uma pessoa que representa bem a narrativa.
10 sugestões para quem está começando
Se você ainda não ouviu nenhum audiolivro, separamos dez obras que podem ser ótimas iniciações no formato:
- Torto Arado (Todavia) – Romance de Itamar Vieira Junior, ganhador do Jabuti, narrado por Zezé Motta.
- Harry Potter e a Pedra Filosofal (Storyside) – Primeira obra da série Harry Potter, narrada por Ícaro Silva.
- O livro do xadrez (SuperSônica) – Ficção histórica narrada por Guilherme Weber.
- O Tempo Entre Costuras (Planeta) – Romance histórico narrado por Sarah Cintra.
- Convite para um Homicídio (HarperCollins Brasil) – Um clássico de Agatha Christie com doses de mistério e suspense, narrado por Ana Amélia Vianna.
- Casa comigo(Storyside) – Audiodrama escrito por Edney Silvestre com narrações de Cristina Flores, Gustavo Falcão, Jules Vandystadt, Karen Coelho e Leonardo Franco.
- Witcher – O último desejo (WMF Martins Fontes) – Obra de abertura da série Witcher, ficção fantástica narrada por Mauro Ramos.
- Laços (Todavia) – Drama familiar intenso do italiano Domenico Starnone, narrado por Paulo Betti.
- Minha história (Objetiva – Grupo Editorial Companhia das Letras) – Autobiografia de Michelle Obama narrada por Maju Coutinho.
- A psicologia financeira (HarperCollins Brasil) – Bestseller sobre finanças narrado por Léo Senna.
O audiolivro como solução para momentos impossíveis
Quantas vezes você já quis continuar uma leitura, mas estava com as mãos ocupadas ou longe de um livro físico? É aí que os audiolivros se destacam. Eles permitem que você consuma literatura enquanto caminha, espera por algo ou mesmo descansa os olhos. É uma forma eficiente e agradável de integrar histórias à rotina. Há cada vez mais relatos de leitoras e leitores que consomem uma mesma obra em distintos formatos. Antes de dormir, lançam mão do livro físico; nos intervalos de estudo e trabalho, o ebook; e durante os deslocamentos do dia a dia, tarefas domésticas ou atividades físicas, o audiolivro.
O futuro dos audiolivros no Brasil
O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer no mercado de audiolivros. Muitos autores e autoras emblemáticos ainda não possuem sequer um único livro falado. No entanto, o catálogo tem se tornado mais diverso ao longo dos últimos anos, com obras de alta qualidade técnica e artística. O consumo e, consequentemente, a receita, já apresentam um crescimento e relevância que não podem mais ser ignorados no Brasil. A Bookwire, por meio do programa WAY, oferece às editoras toda a expertise necessária para produzir audiolivros, desde a narração até os aspectos técnicos. Se você é uma editora interessada em explorar o mundo do áudio, entre em contato pelo e-mail audio@bookwire.com.br e ficaremos felizes em te responder.
Até a próxima!