O presente e o futuro da pré-produção de audiolivros – ferramentas, guias e inovação

Selecionar a voz ideal para seu audiolivro certamente te deixa muito mais perto de receber um projeto de qualidade. No entanto, há uma etapa anterior ao início das gravações que facilita tanto a vida dos ouvintes quanto da narradora ou do narrador: a preparação do texto. Neste artigo, apresentamos boas práticas já incorporadas ao processo de pré-produção de livros falados, mas também abordamos novas tecnologias – especialmente a IA  – que podem tornar essa preparação mais rápida, consistente, sempre colocando a segurança e integridade do manuscrito como prioridade. Além disso, discutimos o uso de guias de pronúncia (Forvo e similares), detecção automática de estrangeirismos e nomes próprios, e a geração de PDFs anotados com pronúncias e observações para cabine.

Seleção do Conteúdo para Narração:

O primeiro passo é decidir quais partes do livro serão narradas. Trechos como sumário, índice remissivo ou bibliografia costumam não fazer sentido no formato de áudio, tornando-se maçantes para quem ouve. Por outro lado, elementos como um glossário ou agradecimentos podem ser do interesse do público. Vale pensar também em como lidar com elementos repetitivos, como múltiplos prefácios em diferentes edições.

É crucial registrar claramente quais partes não devem ser narradas e fornecer instruções específicas para as partes que serão lidas. Isso garante clareza e eficiência durante a produção. Para isso, por exemplo, no nosso processo de pré-produção do WAY, temos um formulário de briefing onde é possível indicar esse e outros aspectos da narração.

Adaptação do Texto:

  • Avalie o custo-benefício de cada adaptação. Gráficos ou tabelas podem ser condensados em texto para transmitir a ideia com clareza.
  • Elementos visuais específicos ou complexos podem ser compilados em material de apoio (PDF/landing page) disponibilizado junto ao audiobook quando a plataforma permitir, mas apenas se realmente forem fundamentais para entendimento integral do conteúdo. Nossa sugestão é sempre buscar adaptá-los para áudio antes de lançar mão dessa alternativa.
  • Garanta que elementos visuais suprimidos não sejam mencionados nos parágrafos adjacentes para evitar confusão.
  • Inclua um guia de pronúncias sempre que houver incidência de termos estrangeiros, nomes próprios, localidades e siglas. Nele, melhor ainda se o editorial gravar em áudio a pronúncia correta de cada expressão.

 

A fase de adaptação do texto é fundamental, pois tem grande impacto na qualidade do audiobook. Se as adaptações forem muitas ou complexas, considere a possibilidade de contratar um(a) profissional de edição ou revisão. Nosso time de áudio pode te auxiliar nesse processo.

IA acelerando a preparação? Oportunidades e pontos de atenção

As ferramentas atuais permitem automatizar grande parte do trabalho repetitivo e reduzir erros de pronúncia e consistência. Entre as oportunidades, estão:

  • A identificação otimizada de estrangeirismos e nomes próprios: modelos de linguagem varrem o manuscrito e sinalizam pessoas, lugares, marcas e termos técnicos com potencial de pronúncia sensível (ex.: sobrenomes em alemão, siglas, etc). O mesmo pode ser feito com modelos simples de script em Python, utilizando um dicionário como base de dados.
  • Sugestões de pronúncia: integração com bases como Forvo e dicionários de pronúncia para propor fonéticas. Quando houver variações regionais, a IA apresenta opções e recomenda a mais adequada segundo o contexto brasileiro.
  • Detecção de pontos de atenção no texto: indicação de frases ambíguas, citações sem fonte, números, datas e unidades que podem exigir padronização de leitura.
  • Pré-edição de PDF anotado para cabine: geração automática de um PDF com marcações de pronúncia por parágrafo, notas de ritmo/pausas e hyperlinks para áudios de referência (quando houver).
  • Glossário dinâmico versionado: compilação de nomes/termos identificados em um anexo com busca, histórico de decisões e campo de observações do(a) diretor(a) de voz, preservando consistência ao longo das sessões.

 

Entre as soluções que já incorporam esse tipo de inteligência ao fluxo de produção de conteúdo literário, Pozotron e ElevenLabs se destacam por funcionalidades voltadas à etapa de pré-produção e criação de guias de pronúncia:

  • Pozotron: embora conhecida pelo alinhamento de texto e áudio, a plataforma vem sendo usada também para gerar relatórios de consistência e pronúncia a partir do manuscrito, antes mesmo da gravação.
    • Exemplo: ao importar o texto, o sistema identifica automaticamente palavras repetidas, siglas e nomes próprios que exigem verificação de pronúncia, facilitando a criação de um glossário técnico para o estúdio.

 

  • ElevenLabs: seu mecanismo de síntese de fala, originalmente voltado à geração de voz, está sendo incorporado em fluxos de preparação como uma ferramenta de pré-leitura e teste de pronúncia.
    • Exemplo: ao processar trechos com termos estrangeiros ou nomes complexos, a plataforma pode gerar automaticamente versões de referência em voz sintética, auxiliando na escolha da fonética ideal, além de criar prévias de entonação e ritmo para cada capítulo, que depois são integradas ao PDF de cabine como hyperlinks de exemplo, ajudando a uniformizar a leitura.

 

Protegendo seu conteúdo

Nos últimos anos, o avanço da inteligência artificial trouxe ganhos evidentes em produtividade – mas também levantou um debate importante: muitas das ferramentas disponíveis hoje foram treinadas com grandes volumes de conteúdo literário sem autorização dos autores ou editoras. Isso gerou desconfiança, principalmente em mercados criativos, como o do livro, que dependem de direitos autorais.

  • Centralize a preparação em ambientes controlados.

Mesmo que a equipe use ferramentas de IA, o processamento dos textos pode e deve acontecer dentro de um ambiente sob controle da editora. Isso pode significar rodar os scripts em um servidor interno, em uma máquina local isolada da internet ou em uma conta corporativa com acesso restrito.

  • Prefira soluções desenvolvidas para o mercado editorial.

Plataformas voltadas a livros e audiolivros normalmente seguem padrões mais rigorosos de privacidade e direitos autorais, por lidarem com obras protegidas. Algumas já oferecem modos de processamento que não armazenam nem reaproveitam dados, garantindo que o texto de um autor não se torne material de treino para outros sistemas.

Além disso, essas ferramentas tendem a compreender melhor as particularidades de um manuscrito – como citações, notas de rodapé e nomes próprios – e permitem exportar resultados (como listas de estrangeirismos ou guias de pronúncia) em formatos editáveis e seguros, prontos para uso interno.

A etapa de preparação tende a gerar menos fricção com o avanço da inteligência artificial e ferramentas voltadas à preparação de manuscritos, mas boas práticas e supervisão humana são essenciais. Nossa rede de estúdios parceiros tem grande experiência em adaptações complexas.

Quer saber como adaptar sua obra, entender opções de fluxo com IA ou conhecer nossos casos mais desafiadores? Mande um e-mail para audio@bookwire.com.br e ficaremos felizes em responder.

Até a próxima!

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