Por Camila Cabete
A chave será manter seu negócio antenado e conectado com qualquer inovação. Isso é o senso de oportunidade que deverá ter cada vez mais espaço dentro do nosso mercado.
Há alguns anos, eu costumava escrever sobre esse tema no Publishnews. Na época, expressei minha descrença na competição e na busca por superar os outros por diversos motivos. Um deles foi a minha percepção ao longo dos mais de 20 anos que atuei no mercado editorial: os projetos mais incríveis surgiam da diversidade. A diversidade gerada pela cooperação é verdadeiramente cativante, enriquecedora e abrange todos os aspectos imagináveis.
Cooperação e diversidade andam de mãos dadas, especialmente quando se trata de parcerias. Durante muitos anos, o nosso mercado era impulsionado pela competição… a mentalidade era criar algo exatamente igual ao que já existia, apenas para competir com aquele player/categoria que estava lucrando bastante no segmento. Perdemos muito tempo seguindo esse raciocínio. Hoje, o mercado editorial se mostra muito mais dinâmico. Não há mais espaço para começar um projeto do zero e competir com algo que já está consolidado há tanto tempo. Criar algo do zero neste cenário significa ter que recomeçar assim que o projeto estiver finalizado, porque em pouco tempo, tudo muda. A chave será manter seu negócio antenado e conectado com qualquer inovação. Isso é o senso de oportunidade que deverá ter cada vez mais espaço dentro do nosso mercado.
Antes de iniciar a construção de uma casa a partir do zero, é importante olhar ao redor, pesquisar o mercado. Com certeza, você encontrará parceiros prontos para investir e desenvolver uma ideia a partir dali, daquele ponto… sem a necessidade de retroceder e, o pior, gastar uma fortuna.
Embora pareça simples no formato de texto que estou compartilhando aqui, essa mudança de mentalidade é desafiadora para um mercado que por muitos anos não precisou se atualizar tanto quanto o nosso. Estou falando, na verdade, sobre uma mudança de mindset, de forma de pensar. Adotar essa abordagem, abraçando a diversidade e pensando em parcerias, é uma verdadeira disrupção. Vai contra o modelo dos grandes conglomerados, dos grandes grupos que dominam tudo e ditam as regras. Em meio a uma revolução da inteligência artificial, o que te destaca das mentes artificiais? Por que você deveria fazer diferente? Porque o básico, a IA já pode fazer por você. Temos mais espaço e tempo para realizar coisas diferentes, parcerias inovadoras e trocas enriquecedoras. Coisas essencialmente humanas, veja só!
Tudo o que você leu até agora foi escrito por mim, sem a intervenção de IA… e sem romantismo. Falo com a perspectiva de alguém que superou o medo da IA, do Chat GPT e de tudo o que se desdobrou. Enquanto eu já superei esses medos e preocupações, nosso governo ainda está “engatinhando” nas discussões sobre a regulação e o uso ético das novas ferramentas. Isso, de fato, é frustrante. Essas regulamentações já deveriam estar em vigor! Em um país onde a liberdade de expressão é confundida com discurso de ódio, não deveria ser surpresa a enorme dificuldade em se chegar a um consenso.
Resta-nos aguardar pela regulamentação, mas não devemos nos acomodar e esperar apenas por isso para agir. Estude, enfrente seus medos, traga à tona assuntos difíceis, seja autêntico. Peça ajuda, busque opiniões diversas e reconheça essas pessoas quando elas contribuírem com insights valiosos. Se isso parecer muito desafiador, comece pelo autoconhecimento. Aquele que se conhece dificilmente terá medo de ser substituído por uma IA. No fim das contas, esta coluna trata essencialmente de terapia e de qualquer forma de autoconhecimento. Essas são ferramentas fundamentais para lidar com as disrupções que serão cada vez mais comuns em nossas vidas.
Camila Cabete, uma pioneira no campo da inovação digital na indústria editorial, com formação em História. Sua trajetória começou como líder editorial em uma editora técnica, onde seu interesse pela inovação surgiu em 2009. Desde então, ela se dedicou a explorar novos modelos de negócio e formatos na indústria editorial. Notavelmente, ela desempenhou um papel fundamental na criação da primeira distribuidora de formatos editoriais digitais no Brasil. Com uma passagem marcante de 9 anos como Country Manager na empresa global Rakuten Kobo.
Camila atualmente atua como Head de Conteúdo na inovadora Edtech Árvore desde 2021, reconhecida como a primeira Edtech brasileira a vencer na categoria People’s Choice no GESAwards. Além disso, ela contribui ativamente para o Comitê de Inovação da CBL, abraçando uma visão positiva sobre os desenvolvimentos do mercado e acreditando no poder transformador da inovação. Adotando o home office desde 2012, ela defende novos modelos de trabalho e enxerga a inovação como uma aliada valiosa para o avanço do potencial humano.