As várias culturas do livro: cultue a cultura da sua editora 

Por: Flávia Bravin

Nossa grande provocação aqui na Saber sempre foi tentar desempenhar dentro da empresa o que nossos livros de negócios recomendam para nossos leitores, ou seja, o quanto a cultura de uma empresa é poderosa se organizada de maneira estratégica.

A Cultura é um pilar – e uma palavra constante – para quem trabalha no mercado editorial. Vivemos a cultura em diferentes momentos do nosso cotidiano, seja no entretenimento, no prazer da leitura, no gosto pelo aprendizado, ou em muitos dos nossos hobbies, vivenciamos uma grande dose cultural. 

Além disso, a cultura geral é uma outra característica valorizada pelo profissional do mercado editorial, dada a sua interlocução com diferentes públicos da cadeia produtiva do livro, como autores, professores, revisores e, até mesmo, com os próprios leitores. Assim, por vivermos imersos na cultura e subculturas do nosso país, somos também influenciados pela nossa cultura familiar, dos nossos grupos de amigos e até pela cultura do nosso próprio tempo. 

Um outro tipo de cultura que é essencial para a atividade editorial é a organizacional, que reflete políticas internas, comportamentos e premissas que regem o nosso jeito de trabalhar. 

Nossa grande provocação aqui na Saber sempre foi tentar desempenhar dentro da empresa o que nossos livros de negócios recomendam para nossos leitores, ou seja, o quanto a cultura de uma empresa é poderosa se organizada de maneira estratégica. Temos duas linhas editoriais fortes: uma voltada para a educação, com os selos Saraiva, Ática e Scipione – indo do ensino básico, com forte destaque para o PNLD, até o superior, principalmente no Direito, e outra voltada para o trade de negócios, com o selo Benvirá.

A autora de Powerful, Patty McCordy, comenta sobre as ideias da cultura empresarial inovadora da Netflix e como ela é estratégica em relação ao modo como os colaboradores desenvolvem o trabalho na companhia. São esses fundamentos voltados para a cultura de liberdade e responsabilidade que unem os colaboradores e são vividos por todos dentro da empresa, por mais diferentes que sejam os departamentos ou atividades diárias. 

McCordy mostra o quanto é importante promover às equipes autonomia e responsabilidade, bem como a eliminação de regras e políticas desnecessárias para que possam vivenciar totalmente uma imersão interna, falar sobre o tema,  tangibilizar e formalizar a cultura por escrito – linguagem que, por sinal, nós editores adoramos. 

Ainda usando o exemplo da Saber Educação, há três anos mergulhamos no desafio de debater e formalizar como somos e agimos, quais comportamentos queremos valorizar e quais não toleramos. Iniciamos com os departamentos e unidades de negócios, e depois para todos os 24 mil funcionários da Cogna Educação, nossa holding. 

Entre todos os comportamentos que podiam nos representar, focamos em apenas cinco como os valores-mestre do nosso DNA, tendo um grande cuidado na forma que seriam escritos e comunicados: ‘Somos um time e não heróis’ – comportamento colaborativo e não individualista -, ‘Nossa relação é direta e respeitosa’, ‘Fazemos das nossas diferenças a base da nossa convivência’, ‘Somos empreendedores e entregamos resultado’ e ‘O sucesso do nosso leitor/aluno/cliente é o nosso sucesso’. 

Para ajudar a comunicar a cultura interna da companhia para os colaboradores, foi apresentado, de maneira clara, o que a empresa espera de cada colaborador e o que cada um deles deve esperar da empresa e da liderança. Para isso, foi criado um canvas de cultura com todos os detalhes de normas, regras, comportamentos, propósito, valores e prioridades que integram a companhia. 

Você já fez esse debate na sua editora? Quais histórias reverberam? Quais são as frases mais repetidas em reuniões? Quais são os comportamentos que se destacam quando alguém é promovido ou sente que aquela cultura não dá match?

O livro Você é o que você faz, de Ben Horowitz, traz uma frase um tanto quanto marcante na publicação: cultura é o que seu time faz quando você não está na sala. Ou seja, é tanto o que você valoriza quanto o que você ignora. Sabe quando você percebe algo que foge do padrão e acaba não fazendo nada, resultando em um novo padrão e uma nova cultura?  O que sobra da leitura de um livro é o que, de fato, fez sentido pra você. Da mesma forma, o que você guardou do que foi conversado em reuniões e bate-papos, do que foi lido e aprendido na companhia é a cultura da nossa empresa.


Flavia Alves Bravin é sócia da Cogna e Head da Saber (da qual fazem parte as empresas Saraiva Educação, Red Balloon e BU Idiomas e Soluções para a Educação Pública & PNLD). Com mais de 25 anos de experiência na área editorial, tem forte atuação nas principais associações do setor no Brasil e no mundo (IFRRO, PublisHer, Abrelivros, SNEL, ABDR). É também Membro do Conselho da Minha Biblioteca e sponsor do grupo de afinidade Incluir+ para pessoas com deficiência. Mestre e doutora em Administração pela FEA-USP, com formação em Publishing (Stanford ) e felllowship pela Frankfurt Book Fair. 

https://www.linkedin.com/in/flaviabravin/

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