Nosso primeiro artigo do ano traz um apanhado geral do mercado de audiolivros no Brasil, elencando alguns dos principais fatos ocorridos e dados disponibilizados publicamente nos últimos meses. Apresentamos também uma sessão que destaca a presença da categoria de Melhor Performance, Documentário ou Palavra falada no Grammy Awards, vencida por Michelle Obama com o audiolivro Nossa luz interior, em cerimônia realizada no início de fevereiro de 2024. Na terceira e última sessão, trazemos alguns dos livros narrados favoritos ao Audie Awards, premiação anual voltada exclusivamente ao formato de audiobooks nos Estados Unidos, que ocorre em março. Embora nosso foco principal seja sempre áudio e literatura em nível nacional, gostamos da prática de observar o que está sendo bem feito em outros lugares, e que pode servir como fonte de inspiração para as demandas e contexto daqui.
Início de ano otimista, respaldado por dados
Viveremos uma guinada nunca antes vista em direção ao universo dos audiolivros em 2024 no Brasil? Bem, ainda é difícil prever o impacto que o formato terá a médio e longo prazo por aqui, mas fato é que, com o catálogo das editoras aumentando, o número de ouvintes se multiplicando e com a chegada de lojas especializadas no mercado, podemos esperar que o crescimento do formato no Brasil esse ano supere a marca global, cujos percentuais seguem há vários anos acima dos dois dígitos. Em 2022, dos 13 mil títulos digitais publicados aqui, 12% eram audiolivros, refletindo um crescimento de 15% em relação ao ano anterior, conforme dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL). A chegada da Audible Brasil, com mais de 100 mil títulos disponíveis e 4 mil em português, marca um momento significativo e, em breve, permitirá analisar resultados dos primeiros meses da gigante do varejo em terras brasileiras.
Falando em vendas, através dos algoritmos de análise de dados da nossa plataforma (Bookwire OS), observamos um crescimento de 61% de receita geral de audiolivros de 2021 a 2023, acompanhando um aumento também significativo de catálogo. Da receita total dos audiobooks até aqui, 75% provém de plataformas de assinatura ou streaming. Para não deixar o início de 2024 fora do radar desse artigo, identificamos que a tradicional tendência dos ouvintes de começar o ano buscando temas como finanças, mente e bem-estar, segue viva: entre os dez livros falados mais vendidos de janeiro até aqui, oito pertencem ao gênero desenvolvimento pessoal ou religioso.
Audiolivros são destaque no Grammy
Michelle Obama consolidou sua presença no mundo dos audiolivros ao vencer o Grammy 2024 por Nossa luz interior (The Light We Carry), superando Meryl Streep. Ela já havia ganhado um Grammy anteriormente pela narração de seu primeiro livro, Becoming. Viola Davis, com sua incrível biografia autonarrada Em busca de mim, e Matthew McConaughey, que viu as vendas de sua obra Greenlights dispararem após narrar a versão em áudio, exemplificam a importância de atrizes, atores, autores e figuras públicas contando histórias em áudio, muitas vezes as suas próprias.
Audie Awards 2024: tendências e principais indicados
O Audie Awards de 2024 tem candidatos como Surrender (Penguin Random House Audio), escrito e narrado por Bono Vox e Tom Lake (HarperAudio), escrito por Ann Patchett e narrado por Meryl Streep, evidenciando a tendência de narradores-celebridades impulsionando o alcance das obras. Há ainda categorias como Audiodrama, que envolve multi-casting e desenho de som, bem como estatuetas por gênero literário. Para encerrar essa edição da Newsletter com os olhos voltados para o Brasil, fica a pergunta se poderíamos replicar premiações como o Audie Awards por aqui para atrair público e mídia, dando ainda mais luz ao formato. Talvez um primeiro passo seja incorporar uma categoria de áudio a tradicionais prêmios literários nacionais. Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), em entrevista ao G1, disse não descartar a inclusão de audiolivros no Prêmio Jabuti, considerando o crescente interesse e a evolução do mercado no país.
