Brasil é sinônimo de e-book

Por Chiara Ciodarot

(cuidado spoiler: sou totalmente enviesada quando o tema são os livros digitais!)

Não há como não associar meu amor por e-books com a minha própria experiência profissional no mercado editorial. Entremeado tanto como escritora quanto como editora, foi a partir de um e-book que começou a minha carreira há 7 anos.

Havia uma longa luta de anos tentando ter meus romances publicados. Quem trabalha no mercado conhece a dificuldade quando se não é alguém de renome e sem ter outras possibilidades de publicação (como o próprio e-book). Até que um dia, no idos de 2017, conversando com uma amiga do mercado, ela me jogou a ideia: “Que tal lançar seus livros em e-book de forma independente?”.

Um autor iniciante sempre tem aquele sonho de ter o livro na prateleira da livraria e noite de autógrafos, claro, mas depois de tanta batalha, já dando a guerra por vencida, pensei: “Por que não? O que eu tenho a perder?”. Seria a minha última batalha.

Contratei capista, corri atrás de preparadores e revisores, tornei-me uma editora em uma pessoa. Por fim, vi meu livro transformado em e-book. E aquela sensação de perda se transformou em ganho, pois eu ganhei o mundo! Minhas histórias chegaram ao Japão, atingiram pessoas de todas as faixas etárias, das mais diversas classes, tocando de maneiras que eu mesma nunca havia cogitado ser possível. O universo se abriu para mim e me senti realizada como escritora, conseguindo ter uma renda com a venda dos meus e-books (o que também era extremamente satisfatório). Igualmente conheci outras autoras de todo o mundo, e como leitora o mundo foi se abrindo na tela do meu celular ou do meu e-reader. Toda a experiência que adquiri como escritora me levou ao mercado tradicional, no qual busquei implementar as minhas práticas como independente, sobretudo quanto a importância dos livros digitais.

Há autores independentes que preferem continuar com seus e-books ao invés de ir para o mercado tradicional graças aos ganhos obtidos (que, normalmente, ultrapassam mensalmente um adiantamento), além da aproximação dos seus leitores de e-books. Um e-book chega a lugares que livros físicos nunca chegariam. Conheci uma leitora da minha série de romances de época que me lia pelo seu celular. Conversando com ela, descobri que em sua cidade (interior da Bahia) não havia nem livraria e nem Correios. Ou seja, se não fosse pelos e-books, ela e outros leitores nunca poderiam ler livros a menos que fossem para cidades maiores.

Se hoje o autor independente no Brasil é sinônimo de e-book, uma editora também pode ser, chegando a rincões que livros físicos não conseguem, atingindo milhões de pessoas que não possuem acesso a livrarias e bibliotecas. É a cultura indo além, trazendo benefícios a todos, inclusive permitindo acessibilidade a pessoas com deficiências. Sem contar que o custo de um e-book, tanto para o leitor quanto para a editora, é um benefício à parte. Os e-books são mais econômicos, evitando processos como impressão, logística, estoque e consignação. E vale sempre lembrar que o digital é um mercado que cada vez mais cresce em conjunto com as tecnologias e a Internet. Não há como escapar, a menos que se queira voltar aos tempos das placas de argila.

Chiara Ciodarot é doutora em Literatura, Cultura e Contemporaneidade e mestre em Literatura Brasileira, especializada em análise e construção de obras literárias. Escritora independente da série de sucesso O Clube dos Devassos, na Amazon em 2018, foi premiada por Tempos de Liberdade pelo Ministério da Cidadania e finalista do prêmio Carolina Maria de Jesus do Ministério da Cultura. É diretora da LVM Editora, uma editora de livros de não-ficção voltados para as áreas de Ciências Sociais, Política, Economia e História. Também trabalha como consultora editorial na Reação Consultoria, voltada para análise editorial e construção de projetos editoriais para editoras de todos os portes. É fundadora da Editora Folio, totalmente voltada para e-books.

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