Casting: como achar a melhor voz para meu audiobook?

Na edição passada pensamos as boas práticas para selecionar os melhores títulos para conversão em áudio. Agora começaremos a avaliar critérios para achar as melhores vozes possíveis para os seus projetos.

Basicamente, existem dois caminhos principais na famigerada etapa do casting: a voz desejada pode já vir definida pela editora a priori ou ficar a encargo do estúdio ou produtora que fará a gravação do material e deverá fornecer opções para a decisão final da editora.

Primeira opção: confiar o casting a um estúdio ou produtora com experiência no assunto.

A via mais comum é a de solicitar amostras de voz aos estúdios especializados em narração de audiolivros, já que estes possuem cadastros próprios de narradores. As maiores vantagens desse formato são o acesso a um banco de vozes, já curadas e pré-selecionadas pelo estúdio conforme a necessidade do seu título, além de uma linha de produção integrada desde o início, simplificando e dando consistência ao processo de gestão. Você também não precisará negociar prazos, agenda e cachê com os narradores, o estúdio fará isso.

Não à toa, esse é o modelo que utilizamos na maior parte das produções realizadas via Bookwire WAY, onde trabalhamos junto a 7 estúdios credenciados para oferecer a solução mais simples e versátil de todas.

Segunda opção: editora define a narração por conta própria.    

Existem alguns cenários diferentes da segunda opção, que serão elencados a seguir:

a) Narração feita pelos próprios autores

Esse cenário é bem comum, principalmente em mercados onde o audiobook é mais consolidado, e faz sentido, afinal quem melhor para contar a história do que a pessoa que a escreveu, certo?

Depende.

Em certos casos poderá ser a primeira vez que o autor lidará com a gravação e escuta da própria voz. Já outros autores estarão habituados a isso, talvez por conta de palestras, workshops ou entrevistas que tenham realizado. Toda experiência prévia será benéfica, mas lembre-se que a narração de audiolivros difere desses exemplos todos, não será possível divergir do texto escrito, a voz do narrador será o único elemento sonoro na grande maioria dos títulos e as gravações acontecerão em um ambiente acusticamente isolado, silencioso e bastante sensível a variações de volume e dinâmica.

Há pessoas capazes de realizar discursos comoventes na base do improviso que terão dificuldades de narrar um texto escrito, do mesmo modo que há quem seja tímido ou mesmo anti-social, mas capaz de narrar um diálogo de 6 páginas com 5 personagens diferentes sem nem se abalar. Como avaliar?

Certifique-se do seguinte:

– que o autor em questão seja capaz de ler com naturalidade e desenvoltura;

– que o timbre da voz e o estilo de leitura não sejam cansativos, mesmo se ouvidos durante uma ou duas horas.

Narrar um livro inteiro de forma consistente ou interpretada é um trabalho de paciência e experiência, alguns escritores são perfeitos para contar a própria história enquanto outros não. Na dúvida, sugira ao seu autor a gravação informal de uma amostra e avaliem juntos o resultado. Ouçam o trecho gravado e se perguntem “eu ouviria essa história até o fim se alguém me mostrasse o início?”2

b) Narração feita por pessoas públicas, como artistas, profissionais de mídia ou influencers

Chamar um nome de peso pode ampliar sua divulgação, trazer novos consumidores e fãs vinculados ao narrador e dar uma característica única ao seu audiobook. A contrapartida é que os cachês de narração podem ter um impacto significativo no orçamento. É comum que a narração seja oferecida sem custo nos casos em que a colaboração seja interessante para a editora e o artista em questão. Também vale ficar atento ao cronograma nesses casos, já que pessoas públicas costumam ter menos espaço em suas agendas.

c) Quando a própria editora escolhe a voz a partir de um cadastro de narradores registrados

Essa opção é mais comum nos EUA e Europa, a exemplo da ACX, um hub que reúne autores, narradores, agentes literários e editoras para que oferta e demanda se encontrem e novos negócios sejam fechados. Por sua característica descentralizada, esse modelo pode ser mais flexível em certos casos, à custa de um risco maior em termos de qualidade, prazos de produção e pagamento e consistência do produto.

A grosso modo, esses são os caminhos principais, vistos pelo prisma de produção executiva. No próximo artigo vamos analisar essa escolha pelo viés da produção artística, apontando exemplos e possibilidades interessantes que permitam refinar nossas considerações de hoje e nos aproximar da elusiva narração perfeita. Até breve!

Compartilhe

Blog

Últimas Publicações

Sabemos que relatórios não são coisas simples de se entender. Sempre há um ou outro campo novo, ou que o significado, e, geralmente, acabamos não usando aquela informação. Afinal, o que importa em um relatório de vendas são os números.No entanto, entender o relatório de forma completa nos permite analisar a performance dos títulos e […]

A 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, o maior evento cultural da América Latina, acontecerá este ano entre os dias 06 e 15 de setembro no Pavilhão de Exposições do Anhembi, trazendo mais uma rica oportunidade de encontrar amigos do mercado editorial, leitores, além de fazer bons negócios e comprar os títulos da […]

Dando continuidade à análise realizada no primeiro trimestre de 2024, o mercado de audiolivros no Brasil manteve um ritmo de crescimento expressivo no segundo trimestre do ano. Após um aumento significativo de 100% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, o crescimento registrado no segundo trimestre de 2024 foi de 98% em comparação ao […]