1,09%
Esse é o número que fica após a apresentação do Censo do Livro Digital realizado pela FIPE, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas. Pequeno, né?
Ele é real e próximo da realidade. Há que se dizer que vejo grandes méritos e avanços no Censo. O fato de ele passar a existir é um grande feito per se.
O trabalho do Censo foi um trabalho de grandes profissionais na busca de uma fotografia de mercado que não tínhamos e que, a partir dele, começamos a ter. Ainda uma imagem nebulosa e distorcida, mas já uma fotografia singular do mercado digital. Raridade mesmo quando consideramos países onde o livro digital já é mais consolidado.
Para uma avaliação mais esquadrinhada do Censo, poderíamos considerar críticas contundentes sobre a ausência dos livros digitais de autopublicação, sobre a definição de formatos, sobre a base de dados utilizada, mas penso que todas essas questões ficam menores face ao fato do Censo existir e frente ao cenário de enormes possibilidades e oportunidades que ele nos aponta e escancara mesmo com números enevoados.
Do lado de cá, vejo que podemos melhorar a leitura e interpretação do Censo se removermos a subcategoria dos Didáticos, pois na minha visão desequilibra e turva os resultados.
Também embaçada está a comparação entre a quantidade de produtos ou ISBNs que geram a receita do digital que é dez vezes menor com o número de produtos ou ISBNs que produzem a receita do impresso. Isso precisa ser enfatizado de forma prioritária e transparente. De qualquer maneira, são questões a serem desenvolvidas nos próximos Censos.
E, como trabalhamos dia após dia com todos os aspectos do digital, desde outubro de 2014, além desse número quase ínfimo, enxergamos, com lentes poderosas, muitos outros que sinalizam um mercado incipiente sim, mas em franco e acelerado crescimento. Trabalhamos com mais de 250 editoras, cerca de 16 mil títulos, mais de 500% de crescimento de 2015 para 2016, cerca de 500 novos títulos todo mês, crescimento real mês a mês, todos os meses correntes têm sido melhores que o mês anterior e em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Maiores resultados em todos os canais e lojas, e outros números que desembaçam, clareiam e desanuviam o horizonte.
Gosto, e aqui vou repetir, do posicionamento de Ariano Suassuna quando perguntado sobre ver o copo meio cheio ou meio vazio:
“O otimista é um tolo. O pessimista é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.
Diria que aqui, na Bookwire, somos todos realistas esperançosos … e termino por aqui, porque parece que Setembro de 2017 será o melhor mês da Bookwire e das editoras que confiaram seus catálogos em nossas mãos, e com o número que entendo ser o mais importante do Censo pra Bookwire, o número das editoras que ainda não investem no digital: