Como editoras podem apoiar autores e autoras na narração de seus livros em áudio

O interesse de escritores em narrar suas próprias obras em audiolivro tem aumentado à medida que o formato começa a ganhar espaço no Brasil – o que é uma via de mão dupla: ouvintes também passam a buscar audiolivros lidos por seus autores e autoras preferidos. Para as editoras, apoiar esse processo significa abrir espaço para vozes que nem sempre têm experiência numa cabine de gravação, mas trazem interpretações que carregam a cadência, as pausas e a intenção de quem escreveu a história. A experiência pode aproximar ainda mais o público da obra, mas exige alguns cuidados.

Assim como ocorre em outras etapas da produção editorial, oferecer aos autores um guia claro de boas práticas contribui para reduzir retrabalho e garantir consistência na gravação. A seguir, destacamos orientações essenciais que podem ser compartilhadas com autores e autoras interessados em dar voz às suas próprias criações.

Preparação do ambiente e do equipamento

O ponto de partida é o espaço de gravação. Um ambiente silencioso, sem interferências externas, garante uma imersão maior na narrativa e menos necessidade de edição.

  • É importante orientar o autor a manter uma distância constante do microfone – um palmo costuma ser suficiente.
  • Aconselhe-o a silenciar o celular e a retirar acessórios que possam produzir ruídos, como pulseiras ou colares.
  • As roupas também fazem diferença: tecidos leves, como algodão, reduzem o atrito captado pelo microfone.
  • Se precisar ajustar postura ou material de apoio, interrompa, respire e retome a leitura do ponto correto.
  • A hidratação constante é fundamental, já que a boca seca pode gerar ruídos que atrapalham a edição.

Domínio técnico da gravação

Erros de leitura acontecem e fazem parte do processo. E também não é possível esperar que um autor tenha a mesma atenção aos detalhes técnicos que um narrador profissional. Mas alguns pontos podem ser assimilados mesmo nas primeiras idas à cabine de gravação para facilitar o processo:

  • Para ajudar o editor, o autor deve ser orientado a sinalizar quando errar — bater palmas ou dizer ‘errei’ são estratégias simples que funcionam bem.
  • Em seguida, é necessário aguardar de 1 a 2 segundos antes de repetir a frase corretamente, sempre retomando a partir do ponto final anterior.
  • Esse procedimento evita cortes bruscos e dá ao editor referências claras para montar a versão final do audiolivro.

Técnicas de leitura e interpretação

Muitas vezes, autores não estão acostumados a se ouvir nos fones. Essa e outras novidades podem distraí-los quanto a questões essenciais de leitura, como ritmo e clareza.

  • Incentive o autor a ler de forma ligeiramente mais lenta do que seu ritmo natural, articulando bem cada palavra.
  • Esse ajuste reduz erros e amplia o entendimento.
  • A variação de tom, velocidade e pausas deve ser usada com equilíbrio: o suficiente para manter a narrativa envolvente, mas sem cair em interpretações caricatas.
  • A respiração também merece atenção. Orientar o autor a planejar pausas para respirar ajuda a manter a naturalidade e evita cortes desnecessários.

Tratamento do conteúdo

Alguns ajustes no texto original são necessários para que a versão falada funcione:

  • Recomende que o autor estude a obra previamente para identificar passagens que podem demandar adaptação.
  • Em materiais que trazem elementos visuais — como gráficos ou tabelas — a saída é substituir por descrições objetivas ou indicar onde esses recursos podem ser consultados.
  • Referências textuais também precisam ser adaptadas: expressões como ‘nas linhas abaixo’ podem ser transformadas em ‘no trecho a seguir’; ‘o livro que você lê’ deve se tornar ‘o audiolivro que você ouve’.
  • Números romanos até 10 são lidos como ordinais (Henrique VIII = Henrique Oitavo), enquanto a partir de 11 são lidos como cardinais (XI = onze).

Pronúncias e revisão

A consistência na pronúncia é um ponto crítico e fundamental.

  • Oriente os autores a utilizar ferramentas digitais — como dicionários online ou o site Forvo.com — para checar nomes, termos técnicos ou palavras estrangeiras.
  • Caso definam uma forma específica de pronunciar, devem mantê-la até o fim da gravação.
  • Notas de rodapé só devem ser lidas se forem indispensáveis para a compreensão.
  • Já bibliografias e anexos técnicos, em geral, são omitidos, a menos que a editora ou o produtor indiquem o contrário.

Checklist rápido pré-gravação

☑ Distância do microfone ajustada.

☑ Celular no silencioso, exceto para checagem de pronúncia.

☑ Roupas leves e sem ruído; acessórios retirados.

☑ Hidratação garantida.

As práticas reunidas acima permitem que editoras ofereçam aos autores um guia simples e eficiente para a narração de seus próprios livros. Esse apoio reduz obstáculos técnicos e amplia a qualidade das gravações, elevando a régua de qualidade do mercado de audiolivros. Ficou com alguma dúvida ou quer iniciar a gravação de um audiolivro com sua autora ou autor de destaque? Entre em contato com a gente através do audio@bookwire.com.br.

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