Do sistema Dewey aos metadados comerciais: descobrindo os bastidores da classificação de livros 

Por Cristiane Martins 

A classificação adequada evita frustrações durante a busca e garante que a obra seja encontrada por aqueles que têm interesse específico naquele assunto.

Você já parou para pensar como os livros são organizados nas prateleiras físicas e virtuais?   

Quando navegamos por uma lista de categorias numa loja virtual ou quando passeamos pelas estantes de uma livraria ou biblioteca, nem imaginamos o quão complexo é manter tudo aquilo na “prateleira certa”. A classificação de assuntos é o segredo por trás dessa organização. Também ouvimos por aí chamarem de categoria, tema, gênero, área etc. Os nomes são variados, mas a mágica é a mesma: elas melhoram a capacidade de descoberta, vendas e inteligência de mercado. A classificação adequada evita frustrações durante a busca e garante que a obra seja encontrada por aqueles que têm interesse específico naquele assunto. 

Existem diversos sistemas de classificação de assunto disponíveis para auxiliar nesse processo tão importante. Códigos, descrições, níveis, subníveis, todos possuem uma estrutura semelhante. E um fato curioso é que existem diferenças entre as classificações feitas em bibliotecas para as feitas em livrarias ou sistemas de gestão de metadados. Vamos dar uma olhada nisso? 

Nas bibliotecas, os bibliotecários são verdadeiros mestres da organização. Eles utilizam sistemas tradicionais de classificação, como a Classificação Decimal de Dewey (CDD) ou a Classificação Decimal Universal (CDU), para colocar cada livro em seu devido lugar, com um enfoque educacional e de acesso e recuperação da informação. Esses sistemas têm uma estrutura hierárquica que ajuda a organizar os livros em diferentes assuntos. Por exemplo, um livro de biologia pode receber o código 570 na CDD. 

Já na indústria do livro, o foco deve ser mais comercial e voltado para o mercado em si, afinal todos querem vender mais, com mais eficiência, e alcançar o público certo, não é mesmo? Para isso, existem sistemas de classificação voltados para essa necessidade, como o Thema, o BISAC, o WGS, entre outros.  

O sistema Thema é uma ferramenta poderosa! É flexível e adaptável, o que facilita a organização e a tal da “encontrabilidade”. Uma das características distintivas do Thema é sua natureza multilíngue e culturalmente neutra. Foi projetado para ser utilizado em vários idiomas e culturas, evitando referências específicas a uma língua ou região em particular. Isso torna o sistema mais universal e fácil de ser aplicado em diferentes contextos. 

Pode ser que você já tenha ouvido falar dele: o BISAC. Ele possui um olhar mais voltado para o mercado norte-americano e se divide em categorias mais amplas, como ficção, não ficção, romance, suspense, e assim por diante. 

Já o sistema WGS considera questões sociais, culturais e de identidade. Assim, os livros são classificados levando em conta temas como gênero, raça, sexualidade e outros assuntos importantes. O WGS é uma forma de garantir a representatividade e a diversidade, atendendo aos interesses e necessidades dos leitores. 

Contudo, mesmo tendo à disposição variados sistemas, e devemos sim fazer uso deles, é preciso muita atenção no momento de classificar uma obra. Primeiramente é fundamental que os metadados estejam corretamente preenchidos, com informações precisas sobre o conteúdo, público-alvo e outros elementos relevantes. Isso contribui para a visibilidade e descoberta dos livros pelos leitores. 

Como boas práticas, é recomendado indicar o assunto mais específico possível. Um livro de romance, cuja história se passa no período da Segunda Guerra provavelmente se perderia nas prateleiras ou lojas virtuais classificado somente como Ficção. Mas o foco muda se for indicado como “Romance Histórico”, e ainda com a informação de que a história se passa na Alemanha no período da Segunda Guerra. 

Tanto bibliotecários quanto editores e livreiros desempenham papéis fundamentais na classificação de assuntos dos livros. Enquanto os bibliotecários organizam os livros para facilitar a busca dos leitores, os editores e livreiros classificam as obras de forma comercialmente eficaz. E dessa forma, no final todos saem ganhando: os leitores encontram os livros que procuram e os editores e livreiros alcançam seu público de maneira mais eficiente. 


Bibliotecária e especialista em metadados, Cristiane Martins tem mais de 10 anos de experiência no mercado editorial. Desenvolveu importantes projetos na área, colaborando para a implementação e o desenvolvimento da boa gestão dos metadados do mercado do livro no Brasil. Atualmente é Gerente de Produto da MVB Brasil.

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