por Danny Abensur
Há alguns anos temos ouvido vozes um tanto quanto solitárias no mercado editorial brasileiro clamando – quase rogando – para que editores nacionais deem mais atenção à qualidade das informações que distribuem para a cadeia livreira a respeito de suas publicações – do impresso ao digital. ISBN, imagem de capa, título, subtítulo, autores, dimensões, assuntos, disponibilidade, preço e por aí vai…
Metadados bem cuidados ajudam a vender até 473% mais
Metadados bem cuidados ajudam a vender mais. Já escutamos isso ao menos uma dezena de vezes, mas, ainda assim, o fato parece ainda não ter sido assimilado pelo setor livreiro no país. Há o famoso White Paper da Nielsen sobre os 100 mil livros mais vendidos em 2011 no Reino Unido, que revela uma diferença de 473% entre a média de exemplares vendidos dos registros com metadados incompletos e daqueles cujos títulos circularam com metadados caprichados.
Ao acessar sites de livrarias digitais – e também nos bancos de dados das lojas físicas –, encontram-se (quando se consegue encontrar!) registros sem capa, um ou dois autores apenas – para publicações com mais autores igualmente relevantes a uma busca –, classificações temáticas que pouco ajudam o leitor a tomar sua decisão de compra, títulos sem preciosos subtítulos (que, muitas vezes, contêm justamente a informação essencial), sem contar a indevida reutilização de ISBNs e nomes de selos editoriais incorretos.
O efeito de não se encarar a cuidadosa distribuição de metadados como tarefa tão importante quanto, digamos, a revisão e a diagramação de uma obra, é simplesmente retardar – e, não raro, inviabilizar – vendas. Metadados inconsistentes são uma barreira entre o consumidor e o produto que ele deseja consumir.
Metadados ruins são a barreira entre o leitor e o seu livro
Justiça seja feita, trabalhou-se até hoje por aqui em um ambiente desprovido de padrões mínimos, e, na ausência deles, a tarefa de compilar e disseminar metadados para varejistas e distribuidores – nos formatos particulares exigidos por cada um deles – não poderia deixar de ser uma atividade enfadonha, o verdadeiro patinho feio, como se diz por aí, das incumbências editoriais, um procedimento conduzido de modo repetitivo e cuja finalidade, por vezes, foge à compreensão de quem o executa.
Felizmente, é crescente o número de editoras brasileiras que têm percebido a importância desse tema. O país está ainda nos primórdios da constituição e disseminação de padrões para a comunicação de metadados de livros. Teremos um dia a adoção universalizada do formato ONIX? Chegaremos a elaborar de um equivalente nacional para o norte-americano BISAC (um sonho!)? Adotaremos o Thema? São nomenclaturas e questionamentos com os quais editoras, livrarias e distribuidores estão se familiarizando cada vez mais. E, quem sabe, em breve, a fama dos metadados de livros figure finalmente à altura de sua importância.
Danny Abensur é gerente de novos negócios no MercadoEditorial.org