Por Elaine Nunes

Acredito que a transição para o digital representa uma mudança essencial e irreversível. Ver a convergência entre o impresso e o eletrônico abrir novos caminhos de distribuição e monetização é algo que me inspira.
Nos últimos anos, tenho vivido de perto as transformações do mercado editorial, impulsionadas pelo avanço das tecnologias digitais. A chegada dos e-books mudou completamente a maneira como leitores, professores, pesquisadores e instituições acadêmicas acessam o conhecimento. O formato digital abriu novas portas para a acessibilidade, ampliou o alcance das publicações e otimizou os processos editoriais.
Desde 2023, na Cortez Editora, tomamos a decisão de lançar todos os nossos livros tanto no formato impresso quanto digital. Esse movimento segue uma tendência global que facilita o acesso ao conhecimento e reduz a dependência de bibliotecas e livrarias físicas. Além disso, percebi que barreiras geográficas, antes vistas como desafios logísticos e mercadológicos, se transformaram em grandes oportunidades no ambiente digital, ampliando a distribuição e possibilitando modelos de negócio inovadores.
Um dos grandes desafios que enfrentei foi tornar a digitalização do nosso acervo um projeto viável, tanto estratégica quanto economicamente. Nossa CEO, Mara Cortez, lançou um desafio ambicioso: fazer com que a receita gerada pelos e-books fosse suficiente para cobrir a folha de pagamento da equipe. No início, essa meta parecia um tanto distante, especialmente porque somos uma editora acadêmica, com dificuldades de exposição em grandes redes e pequenas livrarias.
Porém, eu e minha equipe montamos uma estratégia sólida. Começamos convertendo nossos títulos mais vendidos para garantir um retorno mais rápido sobre o investimento. Em seguida, expandimos para as obras de “cauda longa”, valorizando conteúdos de alta relevância acadêmica, ainda que de demanda inicial menor. A projeção é que atinjamos essa meta até 2025.
Outro ponto interessante que adotamos foi testar o lançamento digital antes do impresso em algumas publicações que geravam dúvidas sobre sua viabilidade no mercado tradicional. Fizemos isso com uma nova coleção em espanhol, garantindo que a recepção do público justificasse um investimento maior na versão física.
Mesmo com todo esse crescimento no digital, seguimos fiéis ao nosso compromisso com a educação e a transformação social. A tecnologia não é um obstáculo, mas uma aliada poderosa para ampliar o impacto do nosso trabalho. A digitalização democratiza o acesso ao conhecimento e fortalece nossa presença em um mercado editorial cada vez mais dinâmico e globalizado.
Acredito que a transição para o digital representa uma mudança essencial e irreversível. Ver a convergência entre o impresso e o eletrônico abrir novos caminhos de distribuição e monetização é algo que me inspira. Minha paixão pelos livros físicos continua inabalável, especialmente pelo contato próximo com autores e pelo valor tátil das obras. No entanto, sei que o digital nos permite levar esse conteúdo a um público ainda maior, promovendo a democratização do conhecimento de forma nunca antes vista. Esse é o futuro da edição acadêmica, e estou entusiasmada por fazer parte dessa revolução.
Elaine Nunes é formada em Letras e especializada em Marketing, com ampla experiência nas áreas editorial, projetos de inovação e de marketing.
É Diretora Comercial e de Marketing da Cortez Editora, onde está empenhada em desenvolver e implementar estratégias de vendas, com ênfase no digital.
Recentemente, assumiu um novo desafio de comandar a Livraria das Perdizes e consolidá-la como um ponto de encontro dinâmico e plural. Sua habilidade em comunicação, marketing e gestão, está comprometida em criar experiências únicas para consolidar e fortalecer à presença da editora e livraria no mercado e fomentar a disseminação da cultura literária.