O audiobook libertado

John Ruhrmann, CEO da Bookwire, publicou na semana passada um artigo sobre audiobooks para a Börsenblatt, a mais conhecida revista digital do mercado editorial alemão. A Bookwire Brasil já iniciou a distribuição de audiobooks e traz o texto de Ruhrmann na íntegra em primeira mão para as suas editoras parceiras.

The trend is your friend” – uau. Eu ouso começar meu artigo com uma citação simples de Uli Hoeneß. “A tendência é sua amiga”, disse ele. Uma das frases mais simpáticas do presidente do time de futebol Bayern, de Munique, também se aplica a algo que poderíamos internalizar sobre o atual hype em torno dos audiobooks que o mercado editorial presencia: o crescimento global do mercado de audiobooks é natural e fundamentalmente muito positivo.

Em um encontro da indústria do livro em julho deste ano, Markus Dohle, CEO da Penguin Random House Group, ​​disse que espera que pelo menos 50% da receita digital do grupo virá dos audiobooks em menos de sete anos. Há muitos motivos para acreditar que isso acontecerá ainda mais cedo.

O desejo frequentemente documentado de se ler mais não se adequa à realidade das pessoas da nova era digital: o tempo no formato de atenção e oportunidade. Nossos aparelhos portáteis, sejam eles celulares ou tablets, ou até mesmo a grande gama de plataformas de streaming, são apenas dois outros fenômenos que explicam a megatendência global dos audiobooks. Além deles, o crescimento mundial da versão moderna da lareira ao redor da qual a família se reúne, ou seja, os smart speakers, potencializam a disseminação e o consumo de conteúdos falados dentro do que é mais sagrado: o lar das pessoas. Não à toa, são conhecidos como “home devices”.

Nada disso é novidade. Tudo sempre esteve aqui antes, mas diferente. Desde a Idade das Pedras, os anciões sentavam ao redor da fogueira e contavam histórias. No presente e no futuro, nosso ajudante fará isso por nós. Pesquisas de mercado estimam 100 milhões de smart speakers ao redor do mundo até o final de 2018. Até o final de 2022, serão provavelmente mais de 300 milhões.

Na Feira do Livro de Londres, no outono passado, gigantes editoriais comentaram informalmente que gostariam de avaliar os direitos para áudio nos contratos de cada livro que eles pretendiam adquirir. No meu ponto de vista, esses gigantes não estão apenas fazendo justiça a sua função básica de detentor dos direitos e empreendedor do livro – de reproduzir e disseminar o conteúdo em todos os formatos – mas estão também prestando um serviço a todos os leitores e ouvintes.

Não apenas as plataformas e distribuidoras, mas também as editoras, têm a oportunidade de pensar, por exemplo, como a indústria do cinema, que faz os seus produtos viajarem de audiência para audiência. Cada ponto visitado pelo produto no mercado global de conteúdo digital pode ser alcançado com sucesso como um degrau de marketing. O ciclo de vida e a possibilidade de descoberta para diferentes públicos-alvo agora podem ser criativamente ajustados em prol do crescimento. Uma editora pode até ser um Netflix se ela tiver a estratégia correta.

Ao longo de todo esse processo, os novos acordos digitais que autores, agentes e editoras irão negociar com consumidores e vendedores continuarão a mudar. O bom conteúdo e a qualidade necessários têm um preço. O crescimento e o alcance ainda mudarão muito, e também resolverão muitos problemas. Uma das consequências disso é a evidência, em muitos lugares, de que a luta pelo tamanho que cada um considera justo da fatia do bolo é uma luta interminável.

Entretanto, no mercado crescente que pode ser agarrado com organização, estratégia e tecnologia, essa é uma tarefa acessível para se criar um futuro bem-sucedido.

As tendências são a prova de que tudo pode mudar. Atualmente, isso está se tornando mais e mais rápido. Portanto, termino meu artigo com outra citação: “Não se possui o que não se compreende.” Começo com Hoeneß e termino com Goethe…

Aliás, eu acredito que a digitalização da indústria editorial acabou de começar.


Texto original disponível em: https://www.boersenblatt.net/artikel-bookwire-chef_john_ruhrmann_ueber_digitale_deals.1536021.html

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