O futuro chega também para a ficção científica

Por Ellen Costa

Estar aqui, escrevendo essa coluna, definitivamente não é o meu habitat natural. Vamos combinar que, para quem vive no comercial, os números sempre foram mais acolhedores que as palavras. Mas quando recebi o convite da Bookwire, achei que era hora de sair da zona de conforto. E como levo a vida no estilo “se está com medo, vai com medo mesmo”, cá estou eu, dividindo um pouco das expectativas do lado de cá.

Faz pouco mais de um ano que entrei para o time da Aleph — um momento cheio de mudanças importantes na casa. Uma delas foi a criação do selo infantil Glida. A missão? Formar novos leitores de ficção científica desde cedo, lá do berço. Parece ousado? Com certeza. Mas fazer isso fora do ambiente escolar é um desafio ainda maior. Porque, além dos pais, os professores também são peças-chave nessa equação.

Mesmo com algumas adoções tímidas aqui e ali, e com Eu, Robô entrando no PNLD, temos um catálogo com muito a ser descoberto pelo universo escolar. E mais do que isso: a gente também olha para o que as crianças curtem. Foi assim que nasceu nosso primeiro mangá: Kuroro e os Exploradores do Espaço. Afinal, tem combinação melhor do que gato + mangá + espaço? Impossível.

Nesse primeiro ano de selo, foram 9 títulos publicados. Cada um com um espacinho especial no coração.

Mas pensar no futuro não significa esquecer os leitores que já estão com a gente nessa jornada — são 41 anos, afinal! Observar o comportamento do público, entender o que os atrai, ficar de olho no mercado e não deixar passar o próximo best-seller (que pode muito bem virar uma série de sucesso) continua sendo parte do nosso DNA.

E falando em comportamento, impossível não notar o crescimento do audiobook. Hoje virou parte da rotina pensar o livro como um todo. E com o áudio ganhando cada vez mais espaço, temos apostado também nesse formato. Porque, convenhamos, tornar o livro mais acessível, mais plural, tem tudo a ver com ficção científica, né? E por que não pensar nas adoções escolares também para audiobooks?

O digital sempre esteve muito ligado ao universo da ficção científica, foram esses autores que previram (e nos preveniram sobre) muitas coisas, então é natural que se espere uma presença digital forte da casa da ficção científica no Brasil — e é por isso que todos os lançamentos do selo já saem com sua versão digital há alguns anos. Contudo, acreditamos no crescimento contínuo do formato, e por isso trabalhamos trimestralmente com estratégias específicas para cada “temporada” digital.

Com um catálogo tão rico em clássicos modernos, é difícil apresentar (e relembrar) leitores de todos eles, por isso escolhemos trimestralmente os títulos que serão carro-chefe da nossa estratégia digital. Dessa forma, não ficamos presos aos lançamentos, e conseguimos pensar com maior foco em cada time da temporada. Ah, lembra que eu falei do nosso selo infantil? Bem, muito dessa estratégia vem da nossa ideia de poucos lançamentos no ano, mas isso é papo para outra coluna.

Assim, esperamos do futuro um mercado digital menos focado em lançamentos, e mais preocupado em fazer com que o livro certo chegue na mão do leitor certo. Difícil? Talvez. Mas com uma estratégia enxuta e focada, acredito que vamos conseguir.

Ellen Costa é gerente comercial da Editora Aleph e atua há 17 anos no mercado editorial, com experiência nos departamentos comercial e corporativo das editoras Zahar e Companhia das Letras.

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