O futuro da literatura passa pelo som: os dois anos da Audible no Brasil

Por Adriana Alcântara

Há quase dois anos, em outubro de 2023, no evento de lançamento da Audible em São Paulo, lembro de ter iniciado minha fala dizendo: “Sim. É verdade! A Audible chegou ao Brasil!” A expectativa e toda a especulação sobre a chegada do serviço de audiolivros ao país era grande e estávamos trabalhando com centenas de acordos de confidencialidade assinados, até que pudemos finalmente falar sobre tudo o que havíamos preparado para aquele momento. E chegamos com o claro objetivo de transformar a forma como as pessoas se conectam com as histórias, oferecendo uma nova dimensão à literatura e ao entretenimento.

Hoje, ao celebrarmos nosso segundo aniversário de atuação no país, olho para nossa jornada até aqui com um imenso orgulho do que construímos e, principalmente, com a certeza de que demos passos importantes para fortalecer todo um ecossistema criativo movido pela voz.

Para nós, a trajetória da Audible no Brasil começou bem antes de 2023 e com um diagnóstico claro: o brasileiro já estava com os fones nos ouvidos, impulsionado pela febre dos podcasts e interessado em ouvir boas histórias. Havia um terreno fértil para o áudio, mas uma lacuna enorme na oferta de “audiolivros comerciais”.

O segmento contava com menos de 2.000 títulos com narração profissional em português. Nosso desafio era preencher esse espaço. Por isso, nos preparamos para chegar ao dia do lançamento com um catálogo vasto e relevante de cerca de 4.000 obras. Hoje, esse número já ultrapassa 7.800 audiolivros para o público brasileiro. Esse crescimento exponencial acelerado só foi possível graças a colaborações estratégicas com editoras e um intenso trabalho de produção nacional.

Esse investimento em conteúdo local, no idioma local e com talentos locais é o coração da nossa operação. Acreditamos que, para acelerar a adoção do formato no Brasil, é essencial oferecer histórias que ressoem com a nossa cultura, narradas por vozes que o público reconhece e ama. E os resultados são visíveis: a literatura em áudio não apenas otimiza o tempo do ouvinte – que agora pode “ler” enquanto cozinha, se desloca pela cidade ou pratica exercícios –, mas também tem o poder de reconectar pessoas ao hábito da leitura, impulsionando até a venda de livros físicos, um fenômeno contraintuitivo que pesquisas internacionais da Audible já confirmam. Para mim, isso apenas reforça o poder de uma boa história, em qualquer formato.

Mesmo assim, a relevância da Audible vai além do catálogo. Nos últimos dois anos, nos tornamos um importante vetor para a economia criativa brasileira. Temos desenvolvido continuamente projetos com mais de 20 estúdios, que antes atuavam em áreas como dublagem ou jingles, e agora têm no audiolivro uma fonte de contratos recorrentes. Mais de 870 talentos — entre atores, locutores, dubladores e radialistas — já passaram por nossas produções, encontrando mais uma frente de trabalho, sem as amarras de exclusividade de outros setores. É uma oportunidade de criar e inovar, especialmente em um momento onde o audiovisual se expande, mas também se torna mais competitivo.

É fascinante observar como o audiolivro abre portas criativas antes inimagináveis. Projetos complexos e ambiciosos, que teriam orçamentos inviáveis no audiovisual, encontram no áudio a liberdade para transportar o ouvinte para qualquer canto do mundo, com uma riqueza sonora que não se limita a barreiras da produção visual. Isso empodera criadores a realizarem seus sonhos de uma forma inédita. Nossa estratégia também inclui iniciativas para democratizar o acesso e incentivar a experimentação. Oferecemos audiolivros gratuitos de obras de vestibular ou títulos em celebração a marcos culturais, como o Rio Capital Mundial do Livro. São ações que contribuem para a educação e a cultura ao mesmo tempo que mostram a qualidade e a relevância do nosso catálogo.

Ainda temos um longo caminho, e o mercado brasileiro é único em suas dinâmicas. Não buscamos comparar diretamente com mercados europeus ou o dos EUA, onde o formato está presente há décadas. Nosso foco é o Brasil e o interesse crescente que vemos aqui. O audiolivro, antes um nicho, agora está no jogo, presente em cadernos culturais, em discussões sobre novos hábitos de consumo e em grandes eventos literários, como a Bienal do Livro, onde, na edição deste ano, tivemos um painel dedicado ao audiolivro pela primeira vez no palco principal do evento.

O futuro da literatura é, sem dúvida, cada vez mais sonoro. E a Audible está orgulhosa de fazer parte dessa transformação, desenvolvendo talentos, fomentando a produção local e, acima de tudo, proporcionando experiências de escuta que enriquecem a vida dos brasileiros e recontando clássicos em vozes nacionais consagradas, como 1984 com Lázaro Ramos, Mateus Solano e Alice Carvalho e o aguardado Orgulho e Preconceito, com Rodrigo Simas, Julia Dalavia, Denise Fraga, Elisa Lucinda e grande elenco. Acreditamos que a confiança do ouvinte, construída com a qualidade do conteúdo e a relevância cultural, será a base para o nosso crescimento e o do mercado editorial nos próximos anos.

Adriana Alcântara é Diretora-Geral da Audible no Brasil, responsável pela estratégia e estruturação da operação desde maio de 2022. Com vasta experiência em Conteúdo e Mídia, tendo atuado em empresas como WarnerMedia, Apple, Globosat e Oi, Adriana é referência no setor. É coautora do livro “Uma Sobe, Puxa a Outra” e autora de “Conexões- a importância de criar vínculos na jornada profissional”, disponível em audiolivro narrado por ela mesma na Audible.

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