O match entre autobiografias e audiolivros

Um dos principais aspectos na hora de decidir quais títulos priorizar ao construir um catálogo de áudio é refletir se o texto dá match com a palavra falada. Como já comentamos por aqui: audiolivro é, essencialmente, “contação de histórias”. Narrativas que poderiam estar sendo confidenciadas em uma conversa no sofá ou na mesa de um restaurante, com a força e espontaneidade da fala, dos gestos, das pausas e respirações do interlocutor.

Tem gente que exerce magnetismo na hora de contar histórias, seja para os amigos, para a família ou para uma grande audiência—em um TED Talk, uma conferência de negócios, um programa de entrevistas na TV ou em uma mesa de bar. Pois essas pessoas podem também render belos audiolivros.

O efeito Obama

Talvez um dos audiolivros mais emblemáticos do gênero autobiográfico seja a biografia de Barack Obama, narrada pelo próprio. Fenômeno de vendas globalmente e indicado ao Grammy, Uma Terra Prometida (A Promised Land) colocou os audiolivros nas trends globais. Posteriormente, Michelle Obama ganharia um Grammy com sua autobiografia, Minha História (Becoming), que no Brasil foi narrada por Maju Coutinho.

Bono Vox também aproveitou a oportunidade de narrar seu premiado Surrender, incluindo trechos de suas músicas na versão em áudio.

Nos casos acima, estamos falando de pessoas que publicaram suas próprias histórias e, além disso, são extremamente carismáticas e articulas – match perfeito. Uma terra prometida fez inclusive com que criássemos o fator Obama no time de áudio da Bookwire (brincadeira, mas nem tanto). Ao decidir se um autor deve ou não narrar seu próprio audiolivro (especialmente fora do gênero autobiográfico), a pergunta é: de 0 a 100, quão próximo esse autor está do fator Obama? 80? Ok, vamos lutar para realizar essa gravação com ele. 15? Talvez seja melhor contar com um narrador profissional.

Autobiografias no Brasil

Um exemplo de audiolivro autobiográfico em terras brasileiras é Rita Lee: Uma Autobiografia (Globo Livros), em que a eterna cantora e compositora compartilha causos desde sua infância até a decisão de se afastar dos palcos. A excelente narração é de Mel Lisboa, que interpretou Rita Lee no teatro e capturou seus trejeitos de maneira natural e cativante.

Já falamos de artistas e políticos influentes, mas não poderíamos deixar de citar um outro segmento autobiográfico com enorme potencial no formato falado: negócios. Para alguns, os audiolivros do gênero são “a cara do formato” (para o bem e para o mal) — através da ideia do trabalhador que almoça ouvindo um livro sobre as 100 grandes lições de vendas ou como ter inteligência emocional diante da correria da labuta.

Sabemos que a palavra falada pode funcionar em qualquer gênero—há grandes exemplos na ficção, romance jovem-adulto, desenvolvimento pessoal, religião, thrillers e suspense, entre muitos outros. No entanto, o gênero de negócios de fato tem um bom encaixe com os audiolivros.

Obras como A Regra é Não Ter Regras (Intrínseca), do fundador e CEO da Netflix, Reed Hastings, e da consultora de negócios Erin Meyer, poderiam facilmente ser uma versão estendida de um TED Talk. O texto direto e fluido narra a trajetória da Netflix desde a recusa da então gigante Blockbuster em comprá-la no início dos anos 2000 até o momento em que a empresa passou a colecionar Oscars com suas produções originais. As 11 horas de duração do audiolivro, narrado por Agnes Leal e Marcus Vinicius Moreno, parecem passar em 2.

Outro exemplo é a jornada profissional de Robert Iger, até se tornar CEO da Disney, em Onde os Sonhos Acontecem. A narração de Leonan Moraes faz com que a obra soe como uma conversa entre amigos, onde Iger revela desde sua decisão de lançar Twin Peaks com David Lynch na rede de TV ABC até as aquisições da Pixar, Marvel e Lucasfilm, já como diretor da Disney, além de sua amizade próxima com Steve Jobs.

Boas iniciações

Os exemplos de audiolivros autobiográficos estão crescendo cada vez mais no Brasil (ainda bem), e o catálogo deve se expandir ainda mais em 2025. Mas, se você ainda não escutou um audiolivro autobiográfico—ou sequer um audiolivro—criamos uma lista com obras citadas e outros projetos autobiográficos bacanas para começar:

  • Rita Lee: Uma Autobiografia, de Rita Lee (Globo)
  • Minha História, de Michelle Obama (Objetiva – Grupo Companhia das Letras)
  • A Regra é Não Ter Regras, de Reed Hastings e Erin Meyer (Intrínseca)
  • Onde os Sonhos Acontecem, de Robert Iger (Intrínseca)
  • Aos Prantos no Mercado, de Michelle Zauner (Fósforo)
  • O Sol Ainda Brilha, de Anthony Ray Hinton (Vestígio – Grupo Autêntica)
  • Agonia de um Padre Casado, de Dom Gurgel (Storyside)
  • Respire, de Rickson Gracie (HarperCollins Brasil)

Já pensando na sua lista de obras autobiográficas pra virar audiolivro? Quer tirar dúvidas sobre quem deve narrar? Tem um título certeiro e quer iniciar a produção imediatamente? Entre em contato com a gente pelo audio@bookwire.com.br.

Até a próxima! 

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