O que podemos tirar de experiência com a pandemia

Por Carolina Riedel

Nesse mundo maluco atual em que estamos vivendo, em que os escritórios e as livrarias ficaram fechados, os fornecedores de serviços digitais se colocaram em uma posição mais forte para permanecer resilientes, e relevantes, e isso deve perdurar para sempre.

Você com certeza já ouviu a pergunta: você prefere ler em e-book ou o livro físico? Para a grande maioria das pessoas, o livro impresso em papel sai vitorioso, até por razões psicológicas/sentimentais. Quem não gosta de sentir o livro, o cheiro e folhear as páginas? As pessoas também adoram mostrar o que já leram. Também acaba sendo um objeto de decoração, além dos que amam colecionar as obras, mesmo sem ter lido nenhuma. Essa relação emocional com o que se está lendo fica muito mais difícil em um e-reader. Enquanto a mídia digital alterou significativamente, outras indústrias como a publicação de notícias e o ramo musical, as pessoas ainda amam ter os livros físicos.

Mas nesse mundo maluco atual em que estamos vivendo, em que os escritórios e as livrarias ficaram fechados, os fornecedores de serviços digitais se colocaram em uma posição mais forte para permanecer resilientes, e relevantes, e isso deve perdurar para sempre, não só neste momento em que convivemos com a crise do coronavírus, mas posteriormente também.

Os e-books se sobressaíram e ajudaram muito nesse período, onde todas as vantagens das ofertas digitais se amplificaram. Ficando em casa, as pessoas começaram a buscar entretenimento, e o e-book se tornou uma experiência prazerosa, alcançando os leitores e mantendo-os lendo.

E que ano foi esse para nós, do Grupo Editorial Pensamento! Nesses 113 anos de existência passamos por muitas adversidades, mas nenhum de nós poderia antecipar ou esperar que 2020 iria trazer uma pandemia global, que afetaria de maneira brutal todos os negócios, e que teríamos que trabalhar de maneira remota em casa (nem mesmo nosso Almanaque do Pensamento, em suas previsões astrológicas, conseguiu mapear tal acontecimento).

Com a queda de 49% nas vendas das livrarias em abril, nosso faturamento foi significativamente afetado no mês, assim como aconteceu com todas as editoras brasileiras. O que fazer quando o seu fluxo de caixa cai a níveis alarmantes, e a perspectiva de que a pandemia cedesse rapidamente estivesse descartada, e as livrarias físicas ainda permaneceriam fechadas pelos próximos meses? A dinâmica do mercado prevaleceu, e as vendas digitais tiveram um crescimento robusto em geral. Desde que os e-books começaram a ser vendidos no Brasil, nós iniciamos a conversão e, atualmente, temos mais de 500 obras disponibilizadas nos principais sites. Acreditávamos que as vendas de e-books iriam, logicamente, crescer com a situação inesperada da quarentena. Procuramos, assim, implementar algumas campanhas de marketing voltadas a esse segmento, visto que já tínhamos uma oferta ampla de títulos. Tivemos, como outros, um volume de vendas inesperado. Como disse o Marcelo Gioia, diretor da Bookwire Brasil, “o que talvez aconteceria em dois anos, aconteceu em dois meses”.

Portanto, desde abril, as vendas de e-books para nós têm crescido exponencialmente, quando muitas das pessoas estão se isolando e a maioria das livrarias ficaram fechadas. A tendência continuou até hoje, quando temos um crescimento em mais de 200% nas vendas acumuladas no formato digital, comparadas ao mesmo período do ano passado.

Nós temos quatro selos editoriais: Pensamento, Cultrix, Seoman e Jangada. Apesar de nossos dados apontarem crescimento em todos eles, o melhor desempenho se deu primordialmente no selo Pensamento, que se concentra em títulos voltados a corpo, mente e espírito. Com a necessidade de ficar em casa, as pessoas começaram a buscar títulos que fizessem com que elas pudessem superar esse período de maneira mais aceitável, como mindfulness, meditação, e espiritualidade em geral. Uma matéria publicada no Estado de São Paulo em 24 de Outubro mostra que as buscas por meditação bateram recorde na pandemia, com crescimento de até 4.000% na internet. Esse dado explica o nosso crescimento em quase 250% nessa área de abril a outubro, comparado ao período imediatamente anterior à pandemia.

Acredito que a tendência de vendas robustas de e-books irá permanecer. Logicamente o livro físico irá continuar com presença forte em vendas, mantendo-se como a maneira mais popular de se ler, seguido por e-books em segundo lugar, e audiobooks em terceiro. Mas os ventos favoráveis continuarão a alavancar o mercado de e-books: menos viagens, a necessidade contínua de entretenimento em casa a um custo razoável, e muito provavelmente muito mais cursos à longa distância.

Se 2020 nos ensinou alguma coisa, é que o futuro é difícil de prever, mas não deixa de ser interessante tentar. Este é um grande momento para vendermos mais e-books, e estamos felizes em poder oferecer uma ampla gama de títulos nesse formato, contando com toda a expertise da Bookwire no apoio e distribuição. Ainda é cedo para realmente entendermos o impacto que o coronavírus e o distanciamento social irão ter sobre o conteúdo digital e o ramo editorial como um todo. Com esse mundo virado de cabeça para baixo, as pessoas continuarão precisando de conhecimento e distração; portanto, o futuro dos livros, em todos os formatos, terão uma demanda constante. E os e-books, especialmente, se beneficiam dessa mudança no comportamento do consumidor.


Carolina Riedel é formada em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo, com Pós-Graduação em Administração de Empresas pela FGV. Trabalhou por 4 anos na área de consultoria antes de ingressar, em 2009, no Grupo Editorial Pensamento, onde organizou e ampliou o departamento comercial, formou o departamento de marketing, sendo hoje Diretora de Vendas e Marketing, além de coordenar a área de produtos digitais da Editora.

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