Ouvidos Abertos: O Desafio e Potencial do Mercado de Audiolivros no Brasil

Segundo estudos da FGV, há mais smartphones do que habitantes em solo brasileiro; são cerca de 1,2 dispositivos por pessoa, totalizando 249 milhões – a grande maioria utilizada diariamente. Plataformas de streaming de música e vídeo são, junto com as redes sociais, as maiores fontes de entretenimento oferecidas por essa infinidade de telas acesas em território nacional. Gigantes como Spotify e Netflix possuem bases enormes de assinantes aqui e continuam a aumentar seus investimentos e interesse em produções locais. Além disso, o Brasil desponta no mundo em termos de consumo de podcast, contando com inúmeros conteúdos de sucesso.

Já que esta é uma newsletter sobre audiolivros, fica fácil entender onde queremos chegar.

Romper o teto do consumo literário tradicional através da palavra falada é uma realidade em outros países. Mas e no Brasil, onde exatamente estamos e para onde podemos ir?

Usando a tradicional parábola do ovo e da galinha, sabemos que sem catálogo, não há mercado maduro. Enquanto os EUA chegam a publicar mais de 70 mil audiolivros em um único ano, no Brasil o número total de obras publicadas até hoje não ultrapassa a casa dos 20 mil. A Bookwire, através do seu serviço WAY, já ajudou a converter mais de 500 obras em português. E acreditamos que esses números devam aumentar significativamente nos próximos anos, fazendo do momento atual apenas um instigante começo.

No entanto, é necessário ressaltar que esse início depende também de outro fator extremamente importante: lojas. Precisamos de varejistas engajados no formato, que consigam transitar pelo imaginário das pessoas como opções interessantes de lazer. Afinal, mesmo o mais robusto dos catálogos pode esfriar se não houver ninguém passeando pelas prateleiras que o abrigam. Diante dessa complexa equação, vamos apresentar algumas lojas e perfis tanto de obras quanto de público que têm se mostrado interessados nos livros em áudio, ainda que o mercado brasileiro esteja dando seus primeiros passos se comparado com outros.

As Lojas e os Gêneros em Destaque

Quando pensamos em audiolivros de Ficção e Sci-fi, percebemos um público fiel em plataformas como a Storytel, que oferece um modelo de assinatura que dá acesso ilimitado a uma vasta biblioteca de audiolivros. Se pensamos em desenvolvimento pessoal e bem-estar, players como Scribd e Google Play têm relevância e se destacam. Enquanto o primeiro trabalha com um modelo de assinatura, o segundo opera com vendas a la carte. Já em relação aos títulos cristãos, Google Play e Pilgrim despontam. A última também trabalha com um modelo de assinatura. As obras infantis, muitas delas com design de som e trilhas sonoras, têm encontrado um caminho interessante através da Árvore de Livros, entre outros modelos de bibliotecas digitais, sendo acessadas por inúmeras escolas e instituições de Ensino no Brasil.

Falando no gênero infantil, ele pode ser uma fortíssima porta de entrada em plataformas de streaming de música e podcast, como o Spotify. Criar playlists com o seu catálogo “kids” cria um consumo bastante diferente do tradicional. Audiolivros infantis são mais curtos e costumam ser ouvidos de maneira parecida com a música: uma faixa é tocada repetidas vezes pelo mesmo ouvinte.

Retomando as possibilidades de lojas, há ainda a presença de empresas de Telecomunicações, que enxergam nos livros digitais uma possibilidade de agregar valor aos planos oferecidos aos seus clientes. Lojas como Skeelo e Exa, além de trabalharem com curadoria de trilhas de títulos oferecidos mensalmente para os usuários, também têm um olhar para o formato de mini-livros e histórias curtas – versões compactas de obras, conteúdos originais ou utilização de faixas de um audiolivro como produtos separados, quando seu conteúdo se sustenta sozinho.

Tendências

Observamos também a tendência de conteúdos originais brasileiros, sejam ficcionais ou documentais. À medida que grandes revendedoras internacionais e plataformas de streaming de música indicam estar se movimentando para entrar no mercado brasileiro, um consequente interesse e investimento em produções locais e inéditas deve também acontecer.

Por isso, consideramos importante conhecer as obras que têm se destacado no formato hoje, tanto no Brasil quanto no mundo. Entender as lojas que têm conseguido dar vazão à escuta de audiolivros. Mas, sobretudo, o que os hábitos de consumo brasileiros e internacionais revelam e onde eles indicam que estaremos nos próximos anos.

Quer falar sobre a viabilidade econômica de um projeto em áudio? Quer conversar sobre onde seu catálogo de audiolivros pode encontrar o público certo? Entre em contato conosco em audio@bookwire.com.br que ficaremos felizes em te ajudar.

Até a próxima!

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