Em 2017, o jornal inglês The Economist escreveu um artigo com um título simples, mas contundente. Em tradução livre seria algo assim:
“o recurso mais valioso do mundo não é mais o petróleo, e sim os dados.”
Foi um bom palpite: passaram-se 6 anos e a coleta e análise de dados parecem cada vez mais fundamentais para que empresas se mantenham relevantes em meio a um mercado global acelerado e extremamente competitivo.
Isso porque esses dados permitem uma compreensão aprofundada do gosto e das expectativas de um público-alvo, o que ajuda muito um produto a destacar-se em meio à multidão de opções que estão ao alcance de qualquer smartphone.
Além disso é interessante notar como o conceito de conteúdo, hoje em diausado de forma quase universal, ocupa um lugar de importância antes pertencente à ideia de produto.
Apesar de haver toneladas de conteúdo sendo criados para divulgar e alavancar produtos (pense numa ação de TikTok para divulgar um livro, ou um podcast para falar de uma série) caminhamos para um paradigma onde o produto e conteúdo possam ser uma mesma coisa. Por quê? É mais simples, mais rápido e menos custoso.
Outra variável que segue crescendo em importância é o nível de engajamento, um dos indicadores mais utilizados para medir o potencial comercial de conteúdo de entretenimento. Soa um pouco assustador, mas a quantidade de interações e compartilhamentos que um produto consegue gerar tem, muitas vezes, um peso bem superior à qualidade do produto em questão.
Como chegamos até aqui? Parte da explicação tem a ver com o fato de vivermos em uma época de excesso de oferta, mas escassez de tempo. Serviços de streaming sob demanda (SVOD), como Netflix e Disney+ tiveram uma explosão nos últimos anos, mas suas bases de usuários se aproximam de um limite radical: não há mais horas disponíveis no dia para encaixar mais entretenimento. Com altíssima oferta e estabilização da demanda, acirra-se a luta por visibilidade.
Além disso, o fim do isolamento social na maior parte dos territórios já traz uma modificação no comportamento de consumo das pessoas (exemplos aqui e aqui). E os maiores players do mercado estão bem cientes desse fenômeno. Uma das soluções possíveis para manter o interesse dos consumidores passa por dois aspectos:
- Oferecer entretenimento que possa ser consumido em paralelo com outras atividades
2. Oferecer entretenimento que possa ser consumido em paralelo com outras atividades
Isso ajuda a explicar o investimento na distribuição e criação de audiobooks e podcasts por parte de empresas como Spotify e Amazon. Também ajuda a entender por que certos livros se tornam fenômenos de venda a partir do TikTok: é uma plataforma de conteúdos de curta-duração, extremamente direcionados (graças a algoritmos especializados) em um ambiente que recompensa o conteúdo que for mais compartilhável, mais viral.
Resumindo:
– Dados são a ferramenta mais valiosa: empresas buscam entender o seu público e atender a sua demanda. Uma vez que tenham a atenção e visibilidade desejada elas buscar criar e direcionar essa demanda com base nas informações que detém.
– Palavra-falada é uma opção valorizada: O desenvolvimento e incentivo ao consumo de fonogramas como audiobooks, podcasts e audioséries é uma aposta estratégica que atualmente é adotada pelos mais variados perfis, desde criadores independentes até as maiores empresas do ramo de entretenimento.
– Atenda seu público e eles carregarão sua mensagem: Praticamente todos os produtos de maior sucesso hoje em dia destacam-se pelo volume de compartilhamentos e participação/engajamento do público, sejam esses fenômenos espontâneos ou fruto de pesquisa e desenvolvimento.
– Esse é um tempo de social media: A essa altura, as relações cotidianas da vida real e virtual estão totalmente entrelaçadas. Por isso, os produtos editoriais serão cada vez mais impactados por tendências de comportamento digital e estratégias de social media, como Instagram e TikTok. Entender como sua editora ou marca se posiciona nesse universo fará toda diferença.
– Conteúdo, conteúdo, conteúdo: Nem toda obra ou produto pode se dar ao “luxo” (com bastante ironia) de ter menos de 30 segundos, ser facilmente cativante e extremamente compartilhável, mas, nesse caso, a criação de um conteúdo relacionado para uso nas mídias sociais também fará Se por um lado a competição e a velocidade das mudanças é altíssima, por outro nunca foi tão fácil conhecer e entender melhor as pessoas que se interessam pelas coisas que criamos e oferecemos. É possível navegar esse admirável mundo novo com criatividade e consciência, aproximando-se dos seus leitores e ouvintes e amplificando a força e o alcance da sua mensagem.