Por que gritamos e-book?

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Acho que alguns de vocês devem se lembrar de uma época em que uma grande notícia chegava ao nosso conhecimento pela musiquinha do plantão de notícias da Globo. Não se passaram tantos anos assim, mas a internet revolucionou a maneira como ficamos sabendo do que acontece no mundo, no Brasil, na nossa cidade e até mesmo nos nossos trabalhos e casas. Por um lado, os indivíduos têm cada vez mais agência e possibilidade de interagir nos acontecimentos em micro ou macro escala. Por outro, as empresas – e, no nosso caso, estamos falando das editoras – precisam encontrar uma maneira de interagir com esses indivíduos que estão constantemente gerando informações e sendo bombardeado por notícias em tempo real.

Semana passada, a Bookwire testemunhou um exemplo perfeito de como fazer isso. No dia 31 de agosto o Senado brasileiro aprovou o impeachment da Dilma. Dois dias depois, a editora Boitempo liberou para download gratuito o livro Por que gritamos golpe?, uma reunião dos textos de 30 autores que, de acordo com a própria sinopse “proporciona ao leitor diversas análises sobre a dinâmica do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, dentro de uma perspectiva multidisciplinar e de esquerda.”

Resultado: em três dias de ação, Por que gritamos golpe? foi catapultado ao primeiro lugar nas nossas listas com 5.600 unidades distribuídas, alcançou o quarto lugar dos mais vendidos da revista Veja e se instalou entre os mais vendidos de diversas lojas. Além disso, um dado muito importante: aproximadamente 50% dessa distribuição não foram downloads gratuitos, mas vendas efetivas do livro.

Algumas conclusões e excelentes ideias podem ser tiradas dessa ação da Boitempo. Primeiro de tudo, houve a grata surpresa do retorno em vendas de uma ação que estava destinada a ser gratuita. O que eu particularmente acredito ser o resultado direto da divulgação feita do jeito certo e na hora certa. Um segundo ponto, explicitado por Kim Doria, coordenador de comunicação e de livros eletrônicos da Boitempo e um dos organizadores do livro, é que “o retorno simbólico foi enorme. (…) A integridade como foi conduzida acabou tornando a ação em um gesto de promoção da editora como um todo (…) A ação foi um derivado do livro em si e é isso que me parece mais estimulante: que editores pensem livros na mesma medida em que pensem sua recepção na sociedade. A própria Coleção Tinta Vermelha, que é uma das mais vendidas do catálogo da Boitempo, nasce de nossas redes sociais, mais especificamente do Blog da Boitempo.”

Como conclusão final, e apesar do título alarmista, não pretendo fazer um discurso do e-book em favor do formato impresso. Minha defesa aqui é que o fundamental é atingirmos os leitores, incentivarmos a leitura, fazermos com o que o conteúdo que disponibilizamos e vendemos chegue a quem interessa. Devemos usar cada plataforma com o que ela nos fornece de melhor e, no mundo acelerado em que vivemos hoje, o livro digital muitas vezes vai ser o melhor meio para dar conta da velocidade e da profusão do fluxo de informações proporcionando conteúdos de referência que estarão em um meio do caminho entre a revista, o ensaio e o livro. Precisamos ficar atento às oportunidades e usar isso ao nosso favor.

PS. A ideia para este texto foi dada por Daniel Lameira, da editora Aleph. Tanto ele quanto o Kim fizeram ótimos acréscimos à edição final do texto. Não posso deixar de agradecer aos dois pela parceria constante e sempre tão construtiva.

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