O período entre 2005 e 2010 foi vital no desenvolvimento das tendências de consumo e estratégias de negócio que discutimos hoje em dia. Nesse período surgiram ninguém menos que YouTube (2005), Storytel (2005), Spotify (2006) e a Amazon adquiriu a Audible (2008). De lá para cá as coisas evoluíram rápido e a oferta de informação/entretenimento é massiva, imediata e pautada em criação de conteúdo original e competição por títulos exclusivos. No desenrolar desse desenvolvimento vale destacar:
a) o aumento massivo no investimento em palavra falada (spoken word),
b) a consolidação do streaming como forma primária de consumo e
c) o estabelecimento do modelo de assinatura como estratégia principal dos players globais.
A título de exemplo, vamos observar alguns movimentos do Spotify, que talvez sejam o que melhor ilustra o peso conferido à uma estratégia para spoken word em um cenário extremamente competitivo: o das plataformas de música.
Em 2015 o Spotify formou parcerias para criação de conteúdo exclusivo, incluiu suporte a podcasts em sua plataforma e introduziu playlists personalizadas, auto-geradas a partir do histórico de escuta, da localização do usuário, do momento do dia, do clima e etc. Já em 2019 a empresa repaginou a seção “Biblioteca” do app, que passou a exibir os conteúdos de música e podcasts em áreas separadas (já notou que as funções do player mudam se você alterna entre um disco e um podcast?). Também criaram playlists híbridas (um mix de podcasts, músicas e notícias) e, no mesmo ano anunciaram a criação de um cargo voltado exclusivamente à gestão e produção de palavra falada em nível global. Por fim, em janeiro de 2021 o Spotify lançou gratuitamente 9 audiobooks de títulos consagrados de domínio público, que produziram do zero e lançaram em conjunto com um podcast original, no qual uma professora da Harvard University oferece uma análise crítica de cada um dos 9 títulos.
É uma guinada bem específica em termos de prioridades. As decisões tomadas pelo Spotify são interessantes por reforçarem os tópicos que mencionamos: a ubiquidade do consumo por assinatura como modelo e da palavra falada como oportunidade. Aqui no Brasil o podcast segue ganhando força como formato, o que já era esperado. Em 2015 já havia artigos e entrevistas em inglês sobre como estaríamos vivendo “a era de ouro dos podcasts”. O mesmo acontece com os audiobooks, que inclusive apresentam potencial de receita bem maior se comparados ao podcast, mas encontram-se em estágio anterior de desenvolvimento aqui no Brasil, além de dependerem mais das decisões do mercado editorial (diferente do podcast, que pode ser produzido por qualquer um, tratar de qualquer assunto sem necessidade de grandes recursos ou negociação de direitos). Para ambos os casos as plataformas de streaming servem como uma espécie de hub capaz de introduzir a cultura dos livros (e até das próprias editoras) a um público tão amplo quanto diverso, seja através de audiobooks, podcasts, entrevistas ou ensaios.
Tudo isso parece indicar uma mesma coisa: é um bom momento para experimentar entre os diferentes formatos, plataformas e modelos, e isso vale para criadores, editoras e consumidores. Nesse sentido, talvez o exemplo mais interessante venha do próprio CEO do Spotify, Daniel Ek. Ele diz ter identificado o potencial latente dos audiobooks ao ver a popularidade do formato na Alemanha, onde o catálogo do Spotify é diretamente impactado pelas dezenas de títulos distribuídos diariamente via Bookwire. Essa presença maciça de livros nas plataformas de streaming certamente contribuiu para o mercado alemão alcançar um círculo virtuoso muito desejável, no qual a palavra falada conduz ao livro e vice-versa, abrindo novas possibilidades de receita, fortalecendo as editoras e seus produtos.
É com isso em mente que oferecemos o suporte necessário à produção de audiobooks dos mais diversos segmentos, bem como a disponibilidade ampla desses títulos em todas as lojas mais importantes, em seus diferentes formatos, modelos de negócio e em escala global, aproveitando todas as etapas do ciclo de produto. Estamos à disposição e seguimos atentos ao presente, para maximizar o retorno e a popularidade de todos os catálogos sob nosso cuidado.