O mercado global de audiolivros atingiu US$ 8,70 bilhões em 2024 e a projeção é de que alcance US$ 35,47 bilhões até 2030, com um crescimento anual composto de 26,20% entre 2025 e 2030. Esses dados são do relatório “Audiobooks Market Size, Share & Trends Analysis Report … with Growth Forecasts, 2025–2030”, publicado pela Research and Markets em maio de 2025. Esse ritmo de expansão é impulsionado por avanços em IA e NLP (processamento de linguagem natural), que vêm desempenhando um papel fundamental na evolução do setor ao permitir recomendações personalizadas e maior acessibilidade para diferentes perfis de usuários.
Nesse artigo, trazemos os principais acontecimentos do ecossistema de livros falados ao redor do globo nos últimos meses; que ajudam a entender o crescimento e projetar o futuro do formato, especialmente levando em conta os desafios da indústria do livro no Brasil.
Recomendações personalizadas
O Processamento de linguagem natural (NLP) possibilita que plataformas de audiolivros analisem grandes volumes de dados textuais e de voz, identificando padrões de consumo, preferências temáticas e estilos de narração mais adequados para cada perfil de ouvinte. Esse processo alimenta sistemas de recomendação personalizados, que direcionam o usuário para novos títulos de forma mais precisa.
O Spotify, por exemplo, emprega avançados sistemas de recomendação com base em redes neurais, capazes de processar comportamentos de consumo em música, podcasts e audiolivros para sugerir conteúdos altamente relevantes. Isso resultou em um aumento de 46% nas taxas de início de novos audiolivros e 23% em streaming, segundo estudo divulgado em fevereiro de 2025 pelo arXiv.
Expansão global por meio de canais conhecidos do público
Falando em Spotify, o canal ampliou sua atuação em audiolivros: desde que disponibilizou um número mensal de horas do formato para assinantes Premium, seu catálogo em inglês quase triplicou (agora com mais de 400 mil títulos) e houve aumento de mais de 30% de ouvintes e 35% em horas escutadas nos EUA, Reino Unido e Austrália, segundo dados publicados no Spotify Newsroom. Na França e países do Benelux, o crescimento médio mensal foi de 12%.
Além disso, a plataforma lançou o Audiobooks+, um serviço adicional para usuários Premium que oferece horas extras de audiolivro por mês — até 30 horas, embora esse limite ainda possa ser insuficiente para obras longas, especialmente de ficção. O modelo já está disponível no Reino Unido, Austrália e partes da Europa.
Audible lança ferramenta de IA
Em maio, a Audible anunciou planos para disponibilizar mais de 100 vozes geradas por IA em inglês, espanhol, francês e italiano, além de traduções via IA. O modelo inclui opções “Audible-managed” e self-service, com possibilidade de revisão humana para garantir precisão.
O lançamento sucede o anúncio da parceria entre Spotify e ElevenLabs. Desde fevereiro de 2025, a plataforma aceita audiolivros narrados por IA através de acordo com a startup de inteligência artificial especializada em áudio, que permite gerar narrações em até 29 idiomas com controle de voz e entonação.
Destaque em Narrativa: Adaptação Imersiva de HQ em Audiobook
No campo da inovação criativa, destacamos o projeto: All‑Star Superman, adaptação em formato de audiodrama imersivo. Lançado em 24 de junho de 2025 pela Penguin Random House Audio, conta com vozes como Marc Thompson (Superman e Gengar de Pokémon), Kristen Sieh (Lois Lane), Christopher Smith (Lex Luthor), entre outros — com trilha original e efeitos sonoros. A Penguin Random House Audio dispõe de estúdios próprios em Nova Iorque e Los Angeles dedicados à produção de audiolivros e uma equipe global de 40 profissionais.
Vimos lançamentos similares no Brasil em 2025, como a versão “Audible original” de 1984, com narração de Lázaro Ramos e campanha de lançamento encabeçada por Felipe Neto, que rompeu a bolha dos livros falados em postagem que anunciava (ironicamente) sua pré-candidatura à presidência da República num tom e contexto que emulavam a trama distópica de George Orwell.