Gravação remota de audiolivros

Nosso último artigo sobre boas práticas na produção de audiolivros falava de localização cultural e da riqueza de ter acentos diversos em livros narrados. Essa diversificação de narradoras e narradores, no entanto, demanda muitas vezes a realização de projetos remotos, seja porque um autor vive em uma área distante dos centros urbanos, por exemplo, ou porque a localidade em que ele ou ela se encontram não dispõe de um estúdio especializado em palavra falada. A gravação remota de audiolivros tem se tornado cada vez mais acessível graças ao barateamento de equipamentos de qualidade. Este artigo explora os aspectos essenciais para ajudar você a realizar grandes projetos, ainda que a distância, passando pela escolha do setup até a pós-produção, com dicas para garantir uma gravação profissional mesmo fora de um estúdio tradicional.

1. Equipamentos Profissionais e Acessibilidade

Equipamentos Essenciais:

  • Microfones: Os microfones condensadores são os mais indicados para gravação de audiolivros devido à sua sensibilidade e capacidade de capturar detalhes vocais. Modelos como o Audio-Technica AT2020 e o Blue Yeti são populares. Há também microfones dinâmicos clássicos de broadcast, como o Shure SM7B e o Electrovoice RE20, que funcionam muito bem para livros narrados.
  • Interfaces de Áudio: Por padrão, é preciso ter um equipamento que converta o som analógico capturado pelo microfone para áudio digital. Interfaces como a Focusrite Scarlett Solo são recomendadas pela boa qualidade e baixo custo. Microfones USB eliminam a necessidade de interfaces adicionais, podendo ser uma opção interessante.
  • Software de Gravação (DAW): Programas como Audacity (gratuito) e Adobe Audition oferecem ferramentas para gravação e edição de boa qualidade.
  • Acessórios: Pop filters, suportes de microfone e fones de ouvido de qualidade são essenciais para minimizar ruídos e melhorar a clareza da gravação.

Relação com o Podcast:

Os equipamentos utilizados na narração de audiolivros são bastante similares aos usados por produtores de podcast, facilitando a transição entre as duas práticas. Ambos os campos valorizam a clareza vocal e a minimização de ruídos. No nosso programa WAY, realizamos projetos como ‘O Deus que destrói sonhos’ (Thomas Nelson Brasil), escrito e narrado remotamente por Rodrigo Bibo, que possui seu próprio podcast e utilizou a estrutura para registrar também o conteúdo do audiolivro, além de realizar uma live de gravação no Instagram.

2. Reuniões de Briefing e Direção Remota

Para garantir que as diretrizes artísticas sejam seguidas e o audiolivro esteja dentro do padrão de qualidade esperado, é interessante realizar uma reunião de briefing por videochamada. Esse encontro pode resolver dúvidas sobre pronúncias, além de estabelecer limite de horas por sessão, para que a voz não se desgaste.

3. Espaços Adequados para Gravação

  • Espaços Pequenos e Tratados: Na falta de uma cabine de gravação, quartos pequenos com tratamento acústico são os mais indicados. Utilizar painéis de espuma acústica ou cortinas pesadas pode ajudar a reduzir reverberações e ruídos externos, bem como escolher períodos do dia com menos chances de incidência de ruídos externos.
  • Alternativas: Closets recheados de roupas podem servir como espaços improvisados, pois as roupas ajudam a absorver o som.

4. Vestuário e Assentos

Para evitar ruídos durante a gravação, é interessante o uso de roupas feitas de tecidos suaves que não façam barulho ao se movimentar. Assentos confortáveis, como cadeiras ergonômicas, ajudam a manter a postura correta e evitar desconforto durante longas sessões. A utilização de dispositivos como tablets para leitura pode minimizar ruídos de páginas virando. Vale lembrar que essa presença do livro físico através do som pode ser interessante dependendo do conceito do projeto.

5. Pós-Produção e Correção de Ruídos

Embora seja ideal gravar em um ambiente controlado, a pós-produção permite corrigir alguns problemas de ruído. Ferramentas como o pacote iZotope RX são eficazes para remover cliques, pops e outros sons indesejados.

6. Padrão de Volume e Compressão

Demanda do Mercado: As principais lojas de audiolivros exigem um volume entre -18dB RMS e -22dB RMS. O RMS (Root Mean Square) é uma medida do volume médio, essencial para garantir uma experiência auditiva consistente.

Como Alcançar: Garanta que o nível de entrada do sinal esteja próximo do limite indicado pelo metering (medidor de volume) do programa de edição de áudio, porém nunca clipando (quando a luz vermelha do medidor se acende). Utilize compressores para nivelar o volume sem perder a dinâmica da gravação. Ferramentas de equalização e normalização ajudam a ajustar o áudio aos padrões exigidos.

7. Edição do Áudio

Respeitar os silêncios de 2 a 4 segundos no início e no final de cada faixa é crucial. No entanto, silêncios excessivos (acima de 5 segundos) podem ser problemáticos, pois algumas lojas possuem restrições quanto à duração dos intervalos.

8. Importância de um Cronograma Estruturado

Ter um cronograma bem definido evita adiamentos e garante que o projeto seja concluído no prazo. Planeje sessões de gravação e edição com antecedência para manter o fluxo de trabalho organizado.

 9. Outros Pontos Relevantes

Backup e Segurança: Faça backups regulares das gravações para evitar perdas de dados. Armazenar cópias em diferentes locais físicos e na nuvem é uma boa prática.

A gravação remota de audiolivros, quando bem planejada e equipada, pode oferecer resultados profissionais comparáveis aos estúdios tradicionais. Com as ferramentas e técnicas corretas, autores e narradores podem produzir conteúdos de alta qualidade, mesmo longe das cabines tradicionais de gravação. Nosso time de áudio pode te ajudar a estruturar uma gravação remota profissional e de qualidade, além de avaliar amostrar de registros feitos fora de estúdio. Entre em contato com a gente no audio@bookwire.com.br para mais informações. Até a próxima!

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